Com o encerramento da multinacional Delphi, a maior empregadora da região, o desemprego numa região já fragilizada, como a da Guarda, veio aumentar. José Pires Manso, catedrático da UBI e responsável pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social (ODES), apresenta, em co-autoria com Dora Esteves, também deste observatório, um estudo que faz a caracterização do desemprego no concelho da Guarda.
Segundo estes dois investigadores, que analisaram a situação daquela localidade entre Janeiro de 2008 e Março de 2010, “o desemprego no concelho da Guarda, é tendencialmente crescente, com subidas acentuadas nos primeiros meses de 2010”. No entender dos dois membros do ODES, “este facto é consequência dos despedimentos provenientes da Delphi, empresa que até há pouco tempo era a maior entidade empregadora do concelho e da região”.
Contudo, um dos pontos que mais acaba por ficar em evidência neste trabalho é precisamente o dos desempregados de longa data. Para José Pires Manso e Dora Esteves, a falta de alternativas para quem perde o seu emprego, naquele concelho do interior, poderá vir a agravar ainda mais a actual situação. Na Guarda, segundo os dados apurados pelo ODES, “o desemprego é maioritariamente de média/longa duração, 63,7 por cento, o que é preocupante face à pouca oferta local de emprego pois nesta conjuntura é difícil esperar encontrar emprego”. Já o desemprego de curta duração “que se iniciou há menos de um ano, é mesmo assim já de 36,3 por cento do total em Março de 2010 o que é igualmente motivo de preocupação”.
No estudo agora revelado pelo observatório da UBI, uma das principais conclusões apontadas refere uma subida no número de pessoas, nomeadamente jovens, que estão abandonar a região. “O desemprego só não é mais grave em termos estatísticos porque muitos jovens se cansam de procurar emprego no concelho e se transferem para o litoral ou estrangeiro onde esperam encontrar solução para esse grave problema passando a engrossar as estatísticas do desemprego desses locais”, acrescenta Pires Manso. Ainda assim, “é na faixa etária dos 35 aos 54 anos, que está concentrada a maior parte dos desempregados no concelho da Guarda”.
No período analisado, “as mulheres têm sido as mais afectadas pelo fenómeno do desemprego, sendo elas também as que apresentam maior taxa de empregabilidade na cobertura das ofertas de emprego registadas no Centro de Emprego da Guarda”, apontam os autores.
No passado mês de Março, o concelho da Guarda apresentava um total de 2069, “destes 1167 eram mulheres, 56,4 por cento do total, contra 902 homens”. Para os dois investigadores sociais, “as ofertas de emprego recebidas e registadas pelo centro de emprego da Guarda, mantiveram-se entre as 35 (Fevereiro de 2009) e as 175 (Setembro 2008)”. Números que representam poucas alternativas em relação a todos aqueles que têm ficado sem trabalho.