O V Sympossium do CICS serviu como ponto de debate e troca de ideias, mas também como momento de esquematizar todo o trabalho feito até agora. José Ignacio Verde Lusquinos, docente da Faculdade de Ciências da Saúde e actual coordenador científico do CICS explica a importância do balanço feito pelos membros deste organismo. Este foi um período de desenho das linhas de actuação nos próximos tempos. “Do meu ponto de vista, a investigação, sobretudo num grupo, não deve ser pessoal e decidida pontualmente. Os investigadores devem estar atentos ao que a sociedade, que normalmente através dos políticos ou das instituições públicas, querem da investigação. Isto porque para fazer investigação é preciso ter financiamento e quem atribui esses fundos quer resultados e respostas a problemas. Os investigadores devem colocar-se ao dispor da sociedade e ver o que esta pretende”, começa por explicar Ignacio Verde.
Um centro ainda relativamente novo tende agora “a especializar-se”. Para o docente e investigador, os próximos tempos vão servir essencialmente para continuar a trabalhar em projectos que façam desta estrutura, uma referência. “Se um centro de investigação quiser ser reconhecido tem de ter dois ou três pontos cruciais onde se destaque”, diz o coordenador científico. Através de trabalhos de relevo e de metodologias inovadoras, esta estrutura procura ganhar ainda mais relevância no meio científico. Outro dos pontos que os responsáveis apontam também como área de continuidade é o das ligações a diversos parceiros nacionais e internacionais.
Apesar da breve história de vida do CICS, os responsáveis por aquela estrutura lembram que “Num prazo bastante curto de tempo conseguimos atingir um balanço muito positivo, mas ainda não chegámos ao topo, temos de continuar nesta linha de investigação de assuntos cada vez mais úteis e mais apelativos”. Depois de “um trabalho formidável do actual Reitor e primeiro responsável pelo CICS, o professor João Queiroz, há agora que aprofundar as duas grande áreas de estudo deste centro”. Comunicação celular e biotecnologia tomam a dianteira das investigações. Mas a grande variedade de docentes e investigadores associados à UBI leva Ignacio Verde a acreditar que é possível alargar mais as áreas de trabalho do CICS.
Actualmente o centro de investigação tem dois grandes grupos, um de biotecnologia “que é um grupo que está mais organizado, isto porque começou o seu trabalho ainda antes da criação do CICS. Num outro grupo, o de comunicação celular, já há um bom trabalho e também uma grande colaboração entre os intervenientes, mas esperamos agora continuar a vincar ainda mais a sua actuação naquela temática”. Entramos em aspectos que são visíveis na maior parte de instituições de ensino que criam centros de investigação, que são sobretudo aspectos de multiplicidade de áreas científicas. Quando se cria uma faculdade, os seus docentes são investigadores de diferentes áreas, e acontece uma certa dispersão. Mas o que podemos constatar é que durante estes anos tem existido uma aproximação das pessoas de diferentes áreas em torno de assuntos muito concretos, o que faz com que o CICS esteja agora a desenvolver trabalhos específicos e se comece a especializar em algumas matérias.
Este centro espera ainda contribuir para educação médica e para a melhoria da qualidade de vida das populações. Uma aposta que se consegue, para além da investigação “com a vinda de recursos humanos para esta zona”. O CICS espera colocar em prática um conjunto de acções que vão servir essencialmente “para mostrar as potencialidades de toda a estrutura que aqui está criada”. Desde a faculdade, aos laboratórios, desde o equipamento às pessoas, passando pela própria região. Ignacio Verde dá o seu caso pessoal como exemplo. Depois de ter trabalhado em grande cidades, em instituições de maior dimensão, quando veio à Covilhã “num período em que não havia sequer faculdade”, não hesitou e apaixonou-se de imediato pelo projecto, pelas pessoas e pela força de aqui construir algo novo e inovador, mas também “pela qualidade de vida”. Outro dos aspectos que ainda hoje é uma realidade “é que para os docentes e investigadores a possibilidade de desenvolvimento pessoal na nossa jovem instituição é muito melhor do que noutros pontos do País ou noutras instituições com mais tempo de vida”, acrescenta. O desafio que passa por trazer pessoas a conhecer as potencialidades da FCS e do CICS, “vai, com toda a certeza, fazer com que muitas pessoas mudem de opinião e acabem por querer vir para aqui desenvolver trabalhos”, garante.