A qualidade de produção de cablagens eléctricas é tal que a Delphi da Guarda produz componentes para uma das mais prestigiadas marcas automóveis, a Ferrari. Esta unidade de produção da multinacional norte-americana funciona na Guarda há vários anos tem vindo a dispensar funcionários nos últimos meses.
Contudo, depois de uma redução de funcionários, no final do ano passado, tudo apontava para a continuação da empresa na cidade mais alta de Portugal. Recursos humanos especializados e diversas provas dadas ao longo dos anos apontava para essa conclusão. Mas o final da passada semana trouxe também o final da fábrica. Os funcionários ficaram a saber, através da administração que a unidade ia fechar portas. Para os 321 trabalhadores que ainda permanecem naquela empresa, a notícia caiu “que nem uma bomba”. Segundo os sindicatos, a administração alega falta de encomendas para esta medida. Tudo o que é produzido na Guarda vai agora passar para a unidade de Castelo Branco e também para uma fábrica na Polónia.
Vítor Tavares, delegado do Sindicato das Indústrias Transformadoras e da Energia, que prestou declarações à Lusa, garante que a situação era irreversível para a empresa que detém duas unidades de produção na região, uma na Guarda e outra em Castelo Branco. Os sindicatos trabalham agora nas várias possibilidades que passam pela deslocação de funcionários da Guarda para Castelo Branco, o despedimento antecipado de pessoas que entretanto encontrem novo emprego, entre outros.
Recorde-se que esta unidade, na Guarda, chegou a ter três mil funcionários. No final de 2009 dispensou mais de 600 e anunciou uma reestruturação de toda a empresa na cidade mais alta de Portugal que iria garantir a produção nesta fábrica. A meio do ano a decisão acabou por ser bem diferente do esperado. O encerramento desta unidade representa o desemprego para diversas famílias. Muitos casais trabalhavam na Delphi e ficam agora sem emprego.
Santinho Pacheco, governo civil, reuniu ontem com o ministro da Economia. O objectivo do encontro passou por encontrar novos investimentos na cidade. Um objectivo que está também no horizonte do presidente da câmara local. Joaquim Valente considera o encerramento da Delphi como “uma forte machadada na região”.
Leitura diferente tem o Partido Comunista Português. Através da Organização Regional da Guarda, o PCP anunciou que “o governo PS tem assistido impávido ao encerramento da empresa”. Um encerramento que é justificado com “quebras de encomendas, mas que serve apenas para deslocalizar a produção”.