Urbi@Orbi - Como define esta época, correspondeu às expectativas?
César Silva - As expectativas não eram muito altas, dado que era o meu primeiro ano à frente da equipa e o segundo ano da equipa, sendo que o primeiro não tinha corrido da melhor forma. Após o primeiro torneio, um amigável em Lisboa, e apesar de os resultados não terem sido os mais favoráveis, tive o primeiro contacto com as restantes equipas e tive a sensação que poderíamos rivalizar com algumas delas, mas ficou também a sensação de que com outras seria muito difícil batermo-nos de igual para igual quer ao nível da organização, pois era uma fase inicial da época e demonstravam já uma organização que evidenciava uma continuidade, quer do ponto de vista físico, aspecto onde algumas equipas impressionaram. No entanto, no grupo ficou também a convicção de que poderíamos obter alguns resultados positivos e penso que demos passos importantes para que com alguma continuidade se possa num futuro não muito longínquo atingir resultados muito positivos.
Urbi@Orbi - Acha que a equipa podia ter ido mais longe?
César Silva - Penso que a qualificação poderia ter sido possível, ficamos perto, e o potencial da equipa face a alguns adversários era superior, no entanto por um ou outro motivo não fomos capazes de resolver as coisas a nosso favor e por isso não conseguimos cumprir aquele que a partir de determinado momento passou a ser o objectivo da equipa e que era passar aos CNU’s.
Urbi@Orbi - Tendo em conta a classificação no primeiro torneio, o que aconteceu no segundo para que a equipa não tenha pelo menos atingido a repescagem?
César Silva - Entrámos mal no segundo torneio, não soubemos jogar com as variáveis em jogo, mais uma vez não soubemos dar resposta nas situações de bola parada, cometemos alguns erros e por isso não conseguimos vencer embora tenhamos tido uma atitude fantástica e uma entrega ao jogo irrepreensível.
Urbi@Orbi - Como vê a equipa da AAUBI em relação às outras universidades?
César Silva - A equipa tem um grande potencial. Comparativamente às outras equipas, temos um grupo que pode fazer frente a qualquer equipa no entanto temos noção que existem equipas superiores, como o caso do Minho e da Académica com os quais nos batemos, e curiosamente foram os jogos onde considero que a equipa deu melhor resposta. Talvez por termos a clara noção de que eles eram superiores e talvez por isso não existisse “obrigatoriedade” de vencer, existia sim a obrigatoriedade de dar o melhor de cada um e de lutarmos por resultados positivos que infelizmente não aconteceram.
Urbi@Orbi - Sendo o futebol um desporto massificado achas que a equipa da UBI podia ter ainda mais qualidade? Há jogadores na universidade que podiam estar na equipa? Se sim, porque não participam eles no futebol universitário?
César Silva - Sim, tenho a certeza que existem jogadores na universidade que poderiam ter enriquecido o grupo de trabalho, e tenho conhecimento de alguns. A falta de compreensão e sensibilidade por parte dos professores relativamente às actividades extra-curriculares é gritante e alguns por ignorância ou mesmo por arrogância não cumprem com o que está estabelecido, não concedendo aos desportistas algumas oportunidades nomeadamente no que diz respeito às datas de entrega de trabalhos ou de realização de frequências ou até ao nível de faltas. Isto impediu não só a participação de alguns desportistas como condicionou a participação dos que lá estavam. Lembro o caso do Christian, um jogador que toda a equipa considera muito importante no grupo, e que não participou no segundo torneio porque um Professor alterou a data de entrega e defesa de um trabalho para a altura do torneio, quem sabe se com ele não teríamos outro resultado? Tive um professor que um dia me disse que iríamos aprender muito nas aulas e que isso nos iria ajudar muito no futuro, que deveríamos investir o nosso tempo nos estudos…mas que o mais importante que levaríamos da universidade seriam as relações humanas, os contactos, as experiências de vida…isto é algo que não se aprende numa sala de aulas e não existe melhor local para promover estas situações que no desporto, infelizmente ainda existem pessoas que vêem a universidade como o local demasiado teórico e muito pouco prático e isso complica muito os processos.
Urbi@Orbi - Consideram a falta de treino num relvado preponderante para os resultados da equipa? Acha que não há mesmo espaço para treinarem ou é também falta de cooperação?
César Silva - É óbvio que a facto de treinarmos num campo pelado e jogarmos sempre em campos relvados, maioritariamente sintéticos, nos traz desvantagens e um atraso relativamente a outras equipas com outras condições de trabalho. Talvez treinando num campo relvado, pudéssemos ter tido outros resultados, o trabalho seria certamente diferente e talvez tivéssemos tido outra adesão. No entanto penso que não existiu falta de colaboração por parte das entidades responsáveis, os campos que existem na cidade estavam a ser usados por várias equipas dos escalões jovens das equipas da ADE e do SCC e apesar de no nosso horário de treino existir um campo relvado disponível, o campo de cima do Complexo Desportivo da Covilhã, seria um desgaste adicional para o relvado o que em tempo de chuvas é contraproducente, talvez quando a ADE tiver o seu campo sintético pronto possa existir a possibilidade de treinarmos num relvado, fica o apelo.
Urbi@Orbi - Quanto ao modelo competitivo da FADU, o que deveria ser feito para melhorar o futebol universitário?
César Silva - O modelo competitivo da FADU é o possível, mas na minha opinião seria importante existir uma competição mais regular. Aumentar e distribuir os jogos ao longo da época seria o ideal por vários motivos, os jogadores tinham uma motivação diferente para treinar, uma época de treinos para dois momentos de competição no futebol é manifestamente pouco. Poderíamos analisar os erros de jogo para jogo e trabalhar na sua resolução, entre muitos outros factores. Com este modelo é difícil manter os jogadores motivados durante tanto tempo sem competição e as presenças nos treinos demonstram isso mesmo. No entanto, o futebol de 11 movimenta muitos desportistas e as deslocações e estadias não ficam baratas, a nossa universidade e a nossa associação académica por exemplo não têm o poder financeiro de outras como as homologas de Coimbra por exemplo. Como a nossa existem muitas outras e por isso seria muito difícil estabelecer outro tipo de modelo competitivo. Penso que este modelo é essencialmente uma obrigatoriedade financeira e não reflecte a vontade de todos, mas é o desporto universitário que temos em Portugal e enquanto o estado insistir em fazer estádios de milhões para terem médias de 5 mil espectadores por semana os que têm e alguns até para serem utilizados 2 ou 3 vezes no ano não haverá dinheiro para coisas mais importantes como é o desporto universitário.
Urbi@Orbi - Quais são as expectativas para a próxima época?
César Silva - As expectativas em relação à próxima época serão essencialmente de lutar pela continuidade da modalidade e tentar sempre melhorar os resultados deste ano, ficou no grupo a sensação de que isso poderia ser alcançado. Criou-se um grupo forte, unido e que demonstrou nos torneios uma vontade enorme de vencer, isso será importante transportar para os treinos para que na próxima época será com certeza melhor que a que terminou.