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Primeira hospedaria de imigrantes do Brasil se tornará um museu
Douglas Cavallari (Correspondente no Brasil - S.Paulo) · quarta, 14 de julho de 2010 · Internacional Entre 1877 e 1966, mais de 300 mil estrangeiros pisaram pela primeira vez em solo brasileiro na Hospedaria dos Imigrantes da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro. Agora, um projeto de revitalização criará no local o mais novo museu de imigração do país. |
Pavilhão principal da Hospedaria dos Imigrantes da Ilha das Flores no início do século XX. |
21982 visitas Nas últimas décadas do século XIX, o Brasil vivia um dilema agrícola. Por um lado, as lavouras de café prosperavam e necessitavam de cada vez mais trabalhadores. Mas, em contrapartida, as pressões internacionais exigiam o fim da mão-de-obra escrava. A saída foi recrutar milhões de imigrantes ao redor do mundo e criar grandes estruturas para as tarefas de recepção, cadastro, quarentena e encaminhamento das pessoas às fazendas. Batizadas de “hospedarias dos imigrantes”, essas unidades de acolhimento foram criadas inicialmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Depois, estruturas semelhantes surgiram em Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina. A partir de 1960, a imigração praticamente cessou e os espaços foram esquecidos. A primeira ação de resgate foi a criação do Memorial do Imigrante no antigo prédio da hospedaria paulista, em 1998. No último dia 10 de julho, a Marinha do Brasil e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro anunciaram que o país ganhará o seu segundo museu dedicado à imigração. Em parceria, as instituições pretendem realizar a digitalização do acervo documental e a restauração de 10 prédios do complexo da Ilha das Flores, a pequena ilhota em plena Baía de Guanabara que marcou o início de uma nova vida para milhares de estrangeiros. Dividido em três etapas, o projeto exigirá investimentos iniciais de R$ 450.000,00 (cerca de 200 mil euros) e a meta é receber os primeiros visitantes ainda em 2010. Os gestores antecipam que estarão disponíveis pesquisas documentais, visitas aos antigos locais de alojamento dos imigrantes, exposições de documentos e fotos de época, além de recursos multimédia. Tudo envolto numa paisagem que dispensa apresentações. A abertura do novo museu é aguardada com ansiedade pela comunidade luso-brasileira, uma vez que o Rio de Janeiro foi o destino preferido pelos emigrantes. Durante décadas, os portugueses ocuparam posições de destaque na cidade, liderando o comércio de alimentos, setor de serviços e meios de comunicação, além da tradição associativista que deixou vários legados, como hospitais, espaços culturais e times de futebol. |
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