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A voz de Zeca Afonso que servia sempre de entrada nos comícios sindicais foi traçada por uma espanhola que ia saindo a todo o volume da pequena coluna instalada em cima do veicula da Junta de Freguesia da Boidobra.
O sol, a meio da tarde da passada quinta-feira, 8 de Julho, fazia-se notar e qualquer sobra servia para combater as altas temperaturas. Junto ao antigo edifício da Garagem de São João, pessoas e cartazes foram-se alinhando em função dos locais onde o sol não chegava. Cartazes, música e mensagens contra o Governo tomaram conta daquele espaço.
Foi o dia de todos os protestos, data que serviu para juntar num mesmo lugar sindicalistas, desempregados, trabalhadores descontentes com os cortes anunciados pelo executivo governamental e também populares que se mostraram desagradados com o encerramento de escolas ou outras estruturas, na região. A iniciativa que teve lugar na Covilhã acabou por juntar pessoas de todo o distrito e ser realizada em parceria com a CGTP, entidade que promoveu mais acções de luta pelo País.
Foi com “garra” que o responsável máximo da USBB apresentou as suas palavras naquele evento. Luís Garra, presidente desta força sindical, explicou a acção popular serviu essencialmente “para dar visibilidade pública a um descontentamento geral, no que diz respeito às medidas tomadas pelo Governo”. O discurso, a lembrar já outras intervenções, não podia deixar de fora a culpa “do patronato, dos interesses económicos e do grande capital”. Males que, segundo o responsável sindical parecem reunir-se para “aumentar o desemprego, aumentar a precariedade e continuar a encerrar empresas”.
A moldura humana lá ia ouvindo as palavras do sindicalista que falava “para mulheres e homens fartos de PEC’s assinado pelo Governo e pelo PSD”. Garra só conseguiu arrancar alguns aplausos quando se centrou mais na Cova da Beira. As portagens na A23, o encerramento das escolas e maternidades “são medidas que acabam por aumentar em crise, em vez de rebate-la”.
Num período de forte recessão, a Beira Interior acaba por ser uma das regiões mais afectadas. Com uma das mais elevadas taxas de desemprego a nível nacional, o território que compreende essencialmente os distritos da Guarda e Castelo Branco tem vindo a ser palco de encerramento de empresas, mas também do desaparecimento de alguns serviços públicos. Para Luís Garra, todo este “corolário de desgraça” tem autores com rostos, como os deputados do PS e PSD, eleitos pela região, que “chumbaram o plano de emergência para esta zona”. Um plano que os sindicatos vão continuar a defender, pela sua “extrema necessidade”, mesmo num período em que “o Governo e a direita tudo têm feito para descredibilizar os desempregados e os que lutam pelos seus direitos”. Nesse sentido, o presidente da USBB apelou a mais mobilização das pessoas. Intervenção que “pode e deve ser visível” nas próximas lutas da CGTP.