O docente e investigador do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da UBI, João Carlos Lanzinha, apresentou um livro sobre reabilitação de edifícios. Uma temática que ganha maior importância em tempos de grave crise no sector da construção.
Em 2000, época marcada pela construção desenfreada, João Carlos Lanzinha dá início a esta linha de investigação, a da reabilitação de edifícios. Passados dez anos “o tema ganha uma actualidade cada vez mais relevante”, sublinha Vasco Freitas, professor catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que veio à Covilhã apresentar o livro. Lanzinha aponta “uma nova forma de posicionamento das empresas”. Para o autor deste estudo que analisou casos concretos da cidade da Covilhã “este tema é também cultural. Portugal passou por uma fase em que se rejeitou tudo aquilo que era antigo, houve até um sentimento que apelava à nossa falta de desenvolvimento e por isso, a procura de coisas novas ganhou terreno”. Actualmente, com a crise instalada no sector, “a reabilitação pode ser uma forma de trabalho”.
O docente e investigador da UBI detectou também uma outra motivação. A forma mais usual de realizar projectos é começar novas obras. Um ponto “que dificulta a reabilitação do património já edificado, uma vez eu não existem modelos de acção”. O livro agora editado por João Lanzinha “apresenta casos práticos e apresenta-se também como uma ferramenta técnica para consulta e apoio e novas formas de trabalho”, acrescentou Vasco Freitas. Segundo alguns dos estudos promovidos neste âmbito “a reabilitação de edifício, em Portugal, tem um mercado de 300 milhões de euros”. Na óptica do docente da UBI, os recursos do Estado têm sido canalizados para o arrendamento de espaços “novos” ou para a compra de “casa nova”. Uma política que nem sempre é a mais correcta. João Lanzinha lembra que “a comparação com outros países veio dar-nos razão, de que há qualquer coisa de errado nas políticas de construção. Dez anos depois de se iniciar esta linha de estudo muito mudou e a crise parece estar também a obrigar a mudar de paradigma. É por isso que a reabilitação pode ser uma das questões em voga e uma das possíveis soluções para o sector”.
Para este engenheiro há agora “sinais claros para apostar nesta área e por isso mesmo também será bom começar a pensar neste aspecto, na reabilitação dos centros das cidades, de edifícios, de escolas, de estradas, etc., há que fazer investimentos de proximidade”.
Vasco Freitas, que veio falar sobre o novo livro aproveitou também para lembrar que “Portugal tem um património monumental edificado de elevado valor e tem de ser reabilitado. Para isso é necessário capacitar recursos humanos e conhecimentos, tal como foi feito neste livro. O docente da Universidade do Porto classifica esta nova obra como uma ferramenta onde se concentram modelos de reabilitação que dão respostas às exigências actuais. Um estudo editado pela Fundação Nova Europa que permite novas abordagens a este assunto e também encontrar novas soluções para a reabilitação.
Uma obra que aponta soluções para a construção e imobiliário, como diagnósticos e formas de intervenção, reaproveitamento de espaços e estruturas, para além de servir de base a uma possível linha de investigação. Em mais de 300 páginas o autor aborda ainda as formas e benefícios da reabilitação de centros urbanos, quer em cidades quer em vilas.
João Queiroz, reitor da Universidade da Beira Interior, também presente no lançamento deste livro lembra que “uma universidade, entre outras questões, distingue-se pelos seus quadros e pelas publicações realizadas por estes”. “É com este tipo de actividades que conseguimos ganhar relevância científica”, acrescenta o responsável máximo pela academia covilhanense. Mário Freire, presidente da Faculdade de Engenharia da UBI, “a publicação de livros insere-se na estratégia da academia, até porque este é um dos passos dados para a nossa diferenciação”. Também José Pires Manso, coordenador das edições da Fundação Nova Europa, que patrocinou mais esta obra, quis realçar o trabalho de João Lanzinha. Pires Manso saudou “o desenvolvimento da investigação e a disponibilização das conclusões à comunidade científica e profissional”.