As melhores lãs europeias estiveram expostas em Paris. Numa das mais importantes mostras do mundo, neste sector, Portugal contou com vários produtos inovadores e diversas raças de ovelhas. Uma selecção feita pelo Museu de Lanifícios
Foi na “cidade luz” que se concentraram todas as atenções, no passado mês de Maio. Industriais, produtores, designers e muitos outros profissionais de um vasto leque de sectores marcaram presença na exposição internacional “Laines d'Europe”, em Rambouillet, nos arredores de Paris.
Esta exposição visou contribuir para a valorização de cem raças ovinas seleccionadas nos diferentes países europeus. Por isso mesmo “foi realizado um catálogo e apresentada para cada uma das raças uma foto do animal, uma amostra da lã, um objecto fabricado com ela, quer de vestuário, de decoração, de arte têxtil ou de outro tipo, acompanhado de uma pequena descrição da raça e do produto apresentado, procurando fazer ressaltar a qualidade e beleza do animal, bem como da lã e dos produtos seleccionados, o que foi plenamente alcançado”, explica Elisa Pinheiro, directora do Museu de Lanifícios.
A UBI esteve representada com uma peça de lã, confeccionada por Florinda Espírito Santo e também com um cobertor confeccionado no século XIX. Ambas as peças têm por base a lã das ovelhas da Serra da Estrela. Mas as estas peças juntaram-se objectos produzidos através da lã de ovelhas de raça merina preta, campaniça e mondegueira churra. O principal objectivo passou ainda por “mostrar as potencialidades da lã”. Elisa Pinheiro lembra que “este é um material totalmente biodegradável, flexível, leve e elástico, mas que é dificilmente inflamável e absorve os componentes orgânicos voláteis, ajudando a purificar o ambiente e servindo como isolante, quer do calor quer do frio”. Mostrar as potencialidades deste material e as suas aplicações futuras foi “uma das metas que penso terem sido atingidas”.
A directora do Museu de Lanifícios recorda que a lã tem uma lista de aplicações interminável e as regiões produtoras de lã, como a da Serra da Estrela “têm tudo a ganhar com isso”. Portugal levou a França utilizações tão diversas como “a lã ecológica utilizada em têxtil-lar”. Um projecto que nasceu no Alentejo está agora a conhecer o sucesso no mercado. Produzir roupa de cama, almofadas, cortinados e todos os têxteis-lar em lã é a aposta de uma empresa alentejana.
O que nós queremos é que a nível mundial haja uma alteração profunda no pensamento das pessoas, no sentido de consumir lã europeia.
Esta é uma exposição itinerante que vai estar em muitos países e que já em Paris foi visitada por pessoas de diversas nacionalidades. A mostra deverá estar também na Covilhã. “Um processo que contempla o acompanhamento da lã, desde o início, com a selecção dos animais e a forma como estes são tratados e lhes é retirada a lã, passando pela sua transformação e terminando no fabrico destes têxteis-lar. Todo um acompanhamento que serve para garantir que se trata de uma lã ecológica”, diz Elisa Pinheiro.
O trabalho feito pelo Museu de Lanifícios foi precisamente o de seleccionar as raças mais importantes de Portugal, os projectos relevantes e apresentar todos estes trabalhos em Paris. Para breve, esta mostra que passa agora para Itália, poderá vir até à Covilhã.