Uma das mais recentes decisões governamentais está a ser mal recebida pelos autarcas e forças políticas da região. O possível encerramento de 31 escolas no distrito de Castelo Branco juntou, no mesmo lado das críticas ao Governo, PSD e PCP.
Foi através da voz de Manuel Frexes, autarca do Fundão, que se fizeram ouvir algumas das mais duras críticas. No dia em que se assinalaram 263 anos do Fundão como concelho, Frexes abordou a possibilidade de mais encerramento de escolas em toda a região. Para o autarca social-democrata, não existe qualquer possibilidade “de encerrar as sete escolas que propõem no nosso concelho”. Segundo José Sócrates e os responsáveis pelo Ministério da Educação, as decisões de encerramento das escolas têm de ser tomadas em colaboração com os municípios afectados. Frexes disse já não estar disponível para encerrar nenhum estabelecimento de ensino. O social-democrata foi mais longe e garantiu mesmo que a medida aprovada em Conselho de Ministros seguir em frente “a população tem de manifestar-se, tem de sair à rua”. Recorde-se que, já na semana passada, o autarca socialista, Domingos Torrão, que lidera a Câmara de Penamacor, teceu fortes críticas a esta medida do executivo governamental.
Aos autarcas junta-se também a direcção regional do PCP. Os comunistas debateram, na sua última reunião de trabalho, a temática do encerramento das escolas. Para os membros da direcção regional do PCP, “a decisão de encerramento de escolas com menos de 21 alunos, decretada pelo Conselho de Ministros é irracional e serve unicamente os interesses economicistas deste Governo PS à custa das crianças e das famílias mais desfavorecidas. Esta situação é particularmente preocupante no distrito de Castelo Branco porque iria acelerar o processo de desertificação a que têm estado sujeitas as regiões do interior do país”.
No entender dos comunistas, esta medida “cega”, para além de acelerar a desertificação vem contra as cartas educativas aprovadas pelos vários órgãos municipais. Nesse sentido, “o Governo não pode “mandar” encerrar sem conhecer, ouvir e discutir com as populações, agentes educativos e locais, assim como não pode deixar de ter em conta a realidade concreta e um conjunto de critérios que respeitem e defendam, efectivamente, a qualidade e condições de ensino, o respeito pelos professores e pelos funcionários das escolas, as cartas educativas, as condições de deslocação, alimentação e acompanhamento das crianças”. A posição contrária do PCP é ainda apoiada no facto de, o encerramento das escolas não representar nenhuma melhoria nas condições de ensino para os alunos das actuais instituições.