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Um universo de quatro rodas
Sara Figueiredo · quarta, 7 de julho de 2010 · Nacional O Museu da Miniatura Automóvel, surgido em 2007 e localizado em Gouveia, é um espaço que através de várias temáticas e colecções retrata um pouco da história, nacional e internacional, do automóvel em miniatura. É entre as muitas vitrinas e carrinhos de pequenas dimensões que Fernando Brito, o responsável por este espaço, confessa as ambições e curiosidades desta casa, que por ano atinge as cerca de 50 mil visitas. |
No museu da miniatura automóvel |
21969 visitas Urbi:Antes de mais e para quem não conhece, o que é o Museu da Miniatura Automóvel? R:. Este é um espaço que retrata um pouco da história do automóvel através de várias vertentes, ou melhor, através de várias temáticas. Tudo o que aqui é representado é precisamente o automóvel em miniatura. Urbi:Como surgiu este Museu com características tão únicas? R:. Este Museu nasce da ideia de um coleccionador particular cá de Gouveia, Fernando Taborda. Ele já tinha pensado num projecto assim há alguns anos atrás, no entanto e só depois de bater a algumas portas é que a ideia foi agarrada. Urbi:Quem foram ou quem são os promotores deste Museu? R:. O nosso primeiro promotor foi o coleccionador Fernando Taborda, mais tarde surgiram outros três. São eles a Câmara Municipal de Gouveia, o ACP - Automóvel Clube de Portugal - que é o maior clube de automóvel em Portugal, e ainda o Clube Escape Livre. Este último contribuiu bastante para o nascimento do Museu da Miniatura Automóvel. Urbi:De que forma contribuem os promotores para que o Museu seja levado “adiante”? R:. Hoje, dia 15 de Maio, é um bom exemplo do seu contributo para o Museu da Miniatura. Um dos nossos promotores, o Clube Escape Livre, organizou para hoje mais uma das conferências de Gouveia. Trouxe até cá alguns pilotos de corrida e desta forma acabou também por atrair clubes e grupos. Mas não só, os promotores do Museu contribuem de várias formas. Por exemplo, o nosso coleccionador, o Fernando Taborda, é o responsável pelas colecções que vêm para o Museu. O Município enquanto promotor divulga o Museu um pouco pela região e até por todo o país. Quanto ao ACP, também acaba por promove-lo mas não apenas ao nível nacional, eu diria mesmo que um pouco por todo o mundo. Urbi:O Museu destina-se a que público? Há algum grupo em especial ou que mereça ser destacado? R:. Obviamente que o Museu se destina a todo o tipo de público, mas se quisermos restringir, haverá certamente pessoas que gostam mais do que aqui é retratado do que outras. Como exemplo temos os amantes dos automóveis, as pessoas dos clubes e os próprios coleccionadores Na abertura das suas portas, em 2007, toda a gente tinha a sensação de que por este ser um Museu da “miniatura”, por ser um Museu de “carrinhos”, este era também mais direccionado para as crianças, o que é mentira. Ao longo de todo este tempo o Museu tem atraído todo o tipo de público e é por isso que digo que se destina a todos. Urbi:O Museu está dividido em secções. O que se pode encontrar em cada uma delas? R:. O Museu divide-se em duas exposições. As exposições permanentes e as exposições temporárias. Nas permanentes pode verificar-se a evolução histórica do automóvel desde 1860, altura em que os veículos eram movidos a vapor, até ao ocorrente ano 2010. Uma vez que nesta temática existem modelos de carros e marcas que pertenceram aos nossos pais, tios e avós, esta parte da exposição acaba, de certa forma, por apelar à memória das pessoas que aqui vêm. Ainda dentro da exposição permanente existe uma vasta colecção de ralis, a temática que ocupa a maior parte do Museu da Miniatura Automóvel. Já são mais de 1600 as miniaturas de ralis aqui presentes. Temos, por exemplo, os mais belos carros que participaram no Mundial de Ralis, sem esquecer também o nosso Rali de Portugal, que outrora foi um dos melhores ralis do Mundo. Esta é também uma forma de homenagear os pilotos portugueses que fizeram o Rali de Portugal. No que diz respeito às exposições temporárias, temos uma fantástica colecção de táxis, isto é, uma retrospectiva dos táxis de todo o mundo, cada qual com sua cor e com a sua estética. Muitos desses táxis ainda hoje existem e entre esses destaco o nosso táxi português, o Mercedes 60 e 80 muito bem representado com aquelas cores tão características, verde e preto. Vocacionada para o público mais novo temos também no Museu uma colecção de carros do Tintim que representa uma das séries de banda desenhada mais antigas do mundo. Esta colecção tem agradado não só a miúdos mas também a graúdos. Anualmente, ou de seis em seis meses, convidamos alguns coleccionadores particulares a expor algumas das suas colecções e portanto, neste momento, da exposição temporária fazem parte mais cinco colecções que podem ser visitadas. Uma dessas colecções tem a ver com os chamados carros de pistas eléctricas, uma colecção de carros de slot onde estão representados carros como um Fiat 850, carros de rali, de velocidade como os de Formula 1, entre outros. Como este ano o Museu comemora os 100 anos da República quisemos também presentear, através de uma colecção, todos aqueles que nos visitam com miniaturas de carros presidenciais de vários países, incluindo os veículos de pessoas portuguesas como é o caso do Professor Marcelo Caetano, Jorge Sampaio, do actual Presidente Cavaco Silva e até mesmo do próprio Oliveira Salazar. Uma vez que há dias tivemos a visita do Papa, este ano quisemos presentear todos aqueles que nos visitam com miniaturas do papa-móvel, e nesta colecção não temos apenas a representação de um veículo branco e fechado, até porque nem sempre foi assim, aliás o papa-móvel fechado surgiu somente depois do atentado de que foi vítima João Paulo II. Uma das cinco colecções, actualmente em exposição, destina-se a homenagear Ayrton Senna, considerado a maior figura da Fórmula 1, que faleceu num acidente de uma das suas provas. Esta colecção pretende retratar um pouco da história deste piloto, desde os seus tempos de karting até ao seu último momento, através de carros que conduziu. Uma outra colecção patente na exposição temporária está direccionada para os 100 anos da Alfa Romeo, uma das marcas mais conhecidas a nível mundial. Por fim uma outra colecção, mais específica para coleccionadores, é a 3J. Esta representa um pouco dos kits de construção da miniatura em Portugal, são miniaturas únicas criadas por um pioneiro, um senhor português chamado João Campeão de Freitas, que produziu estas peças para todo o mundo. Esta é uma das colecções mais apreciadas e infelizmente este senhor já faleceu. Urbi:Quantos “carrinhos” em miniatura estão aqui expostos? R:. Hoje em dia o Museu tem expostas cerca de 3 mil e trezentas miniaturas, mas o Museu no seu espólio total tem para cima de 65 mil miniaturas. Urbi:O Museu promove actividades. Poderia explicar-me que actividades são essas e para que idades se destinam? R:. Desde que eu sou o responsável e há todas aquelas pessoas que directa ou indirectamente colaboram comigo e com o município, tudo aquilo que temos feito são actividades. Estou consciente de que hoje em dia é muito importante que um Museu seja interactivo. Ora das tantas actividades que o Museu promove contam-se exposições temporárias em vários pontos do país. Temos agora uma exposição da miniatura automóvel no centro comercial Vivaci das Caldas da Rainha. Estivemos também e muito recentemente no centro comercial da Guarda, numa mostra que foi visitada por mais de 190 mil pessoas. É de facto muito importante promover-se o Museu, promover-se o concelho, e com estas actividades dar nome à cidade de Gouveia. Para além destas exposições, temos outras actividades com vários clubes. Com eles temos vários encontros, fazemos provas de perícia, provas de regularidade, passeios turísticos de todo o terreno. É de salientar também que os grupos e clubes que se deslocam ao Museu vêm com a particularidade de realizar outras actividades como Pedi-papers, jogos educativos, dentro do próprio Museu, jogos de pinturas, entre outras coisas. Temos também as conferências de Gouveia, organizadas pelo Clube Escape Livre. São estas as actividades que vamos levando a cabo e que visam acima de tudo atrair pessoas.
Urbi:São muitos os coleccionistas, destas miniaturas, que contribuem para o “crescimento” do Museu. De que forma é feito este contributo e apoio? R:. Desde que o Museu abriu portas os coleccionadores apoiam-no através do seu contributo com as milhares de doações de miniaturas. Não será demais salientar que Portugal tem milhares de coleccionadores e que o Museu até à data tem recebido dezenas e dezenas de e-mail`s de pessoas que querem doar e expor as suas peças. Por vezes temos aqueles coleccionadores que nos chamam à atenção porque no Museu faz falta ter “esta” ou “aquela” miniatura automóvel. Urbi:Como tem sido, desde o início, a aceitação deste Museu por parte do universo de coleccionistas? R:. É com muita alegria, agrado e satisfação que o universo de coleccionistas vê surgir e crescer um Museu que também lhe pertence. De facto, eles acabam por ser uma peça fundamental, e isto não se aplica somente no presente, pois também e cada vez mais o irão ser no futuro. Este Museu é um motivo de orgulho para os coleccionadores que o vêm visitar, e isso é bem visível. Existem de facto muitas histórias e eu penso que essas nos transmitem de alguma forma o que coleccionadores, já há quarenta e cinquenta anos, sentem ao verem promover uma actividade que é, realmente, do seu interesse. Eles sentem um orgulho tremendo. Urbi:Neste momento as miniaturas aqui expostas pertencem todas ao Museu? R:. Não. Como já tinha referido, neste momento estão aqui cinco colecções, na parte da exposição temporária, que pertencem a coleccionadores particulares que convidámos para expor algumas peças até ao final do ano de 2010. Estão expostas mas não pertencem ao Museu as colecções dos veículos Presidenciais, dos Papais, os Alfa Romeo, a colecção de Ayrton Senna e os carros de slot. Para esta exposição não são convidados sempre os mesmos coleccionadores nem as mesmas colecções. O ano passado, por exemplo, tivemos cá colecções relativas ao Paris Dakar, uma colecção de carrinhos de bombeiros, miniaturas Mercedes, entre outras que nós próprios convidamos. Urbi:O Museu tem miniaturas automóveis para venda? Quanto custa mais ou menos adquirir uma peça, desde as mais baratas até às mais caras? R:. Sim. O Museu dispõe de uma loja onde é possível comprar miniaturas, e temos muitos preços. Aqui existem peças com um custo de 10, 15, 20 euros e até de 90 euros. Há no entanto peças com custos realmente elevados, exemplo disso são as miniaturas de Mercedes que cá já tivemos expostas, cada peça custava cerca de 25, 30 mil euros, muito mais do que um desses veículos que circulam na estrada. Quanto mais antiga, quanto mais rara e dependendo da marca, assim será o seu preço. Urbi:Há algum coleccionista que tenha surpreendido o Museu com alguma história? R:. De facto há muitos coleccionadores que já nos surpreenderam com algumas das suas histórias, histórias essas que incluem colecções e miniaturas. Quando o Museu se iniciou, em 2007, eu até me dedicava a escrever um livro com histórias que no fundo acabavam por ser engraçadas. Lembro-me por exemplo de um coleccionador me vir contar que tinha um apartamento alugado, sem a esposa saber, e que este se destinava apenas a miniaturas automóveis. Um outro coleccionador que aqui esteve muito recentemente disse-me que para ele o automóvel tem apenas uma cor, o vermelho. Isso é o quanto basta para que da sua colecção façam parte, unicamente, miniaturas de cor vermelha. Há uma outra história de um coleccionador que só compra um veículo à escala real se houver a miniatura desse mesmo carro. Existem muitas mais histórias que de alguma forma surpreendem. O simples facto de haver coleccionadores com cerca de 30 e 40 mil miniaturas é das coisas que mais me surpreende. Urbi:Sabendo nós que Gouveia é uma cidade localizada junto à Serra da Estrela, estando por isso associada ao turismo relacionado com a neve, espaços verdes e maior contacto com a natureza, sendo também associada à pastorícia e ao bom queijo português, como se explica que um Museu desta categoria, miniatura automóvel, tenha surgido em plena cidade Gouveia? R:. Eu costumo dizer que o Português não aceita muito bem tudo o que é inovador e no início, quando se criou o Museu, todos colocámos a mesma questão, “Museu da Miniatura Automóvel em Gouveia?”. Na altura, quando tudo começou, pensámos que se calhar teria mais lógica abrir um Museu do vinho, um Museu do pão, do queijo, do pastor ou até mesmo um Museu com outro tipo de recursos existentes e característicos de Gouveia. Apesar de prezarmos cada um dos nossos recursos, depressa chegámos à conclusão de que um Museu da Miniatura Automóvel, deste género e único no país, tem a capacidade de atrair muito mais gente, além disso não seria novidade nem teria o mesmo interesse e impacto se criássemos algo que já existe em tantos locais aqui do Concelho. Embora Gouveia não estivesse directamente associada ao automóvel, a verdade é que também ela tem a sua história ligada ao automóvel e como tal, o Museu, tem tido muito sucesso. Traz pessoas de Norte a Sul do país. Urbi:São muitos os motivos, como já referi, que atraem turistas a esta cidade, sobretudo os relacionados com a busca e contacto com a natureza. Nota que os turistas que se deslocam a Gouveia e depois a este Museu, o fazem porque pretendem de facto conhecer um Museu tão único, deslocando-se até cá propositadamente, ou na ânsia de verem a neve, por exemplo, acabam por parar aqui ao acaso? R: Eu diria que a grande maioria das pessoas que até aqui se desloca vêm propositadamente para ver o Museu. São realmente muitas as pessoas que de Norte a Sul do país vêm até este concelho na ânsia de conhecer este espaço. Temos casos de pessoas, sobretudo coleccionadores, que às 8h da manhã estão em frente ao Museu à espera que este abra. Há até muita gente que por vir de propósito, passa cá o dia, portanto, entra às 9h, sai ao 12h30, entra novamente às 14h e sai às 17h30. Falo de pessoas que vêm não só de Portugal Continental, mas também da Madeira, dos Açores, do Brasil, de França e de Espanha só para ver o Museu dos carros em miniatura e isso pode ser comprovado através dos livros de visitas que pedimos às pessoas para assinarem antes de sair. Outro facto é o de que frequentemente recebemos telefonemas para marcações de grupos e visitas com alguma antecipação. Este tem sido um enorme pólo de atracção e ainda bem que assim é. Urbi:Na visita ao Museu as pessoas buscam uma colecção ou um carro em especial? R:. Existe de tudo. Há aquelas pessoas que gostam de ver o Museu em si e todas as suas colecções, e depois há todos aqueles aficcionados que vêm por esta ou por aquela colecção específica. De qualquer forma eu penso que no geral as pessoas vêm de facto para ver o todo do Museu e não algo em particular. Urbi:Este Museu tem a capacidade de surpreender aqueles que cá vêm? R:. Sim, este Museu acaba sempre por surpreender e de uma forma muito positiva. Como tal, e mais uma vez, o livro de visitas comprova esta minha afirmação. Nele estão algumas críticas que para nós são bastante construtivas. Há sobretudo muitos elogios e estes giram à volta de todo o Museu. Urbi:Quais são os “carrinhos” que mais curiosidade despertam? R:. Bem, ultimamente e porque tivemos a visita do Papa a Portugal, as pessoas procuram sobretudo os papa móveis, mas não só, a colecção dos “100 anos de República” tem despertado bastante curiosidade nas pessoas até porque se trata de um assunto emblemático de que se fala. Além disso a procura centrada nestes “carrinhos” também se prende ao facto de pertencerem a colecções difíceis de encontrar. Eu noto que são temáticas de que as pessoas gostam. Urbi:Qual a sua miniatura ou colecção preferida? R:. Os automóveis são uma paixão desde os meus tenros 5 anos, aliás, talvez sejam até uma das maiores paixões que tenho na vida. Desde muito cedo que me lembro de ir ver provas e corridas a todo lado e daí surgiu o gosto que tenho pelo Rali e a minha preferência por essa mesma colecção. Neste Museu constam 1600 miniaturas pertencentes a esta temática, cada qual com a sua história. É muito engraçado ver pessoas que como eu e ao longo destes anos se deslocavam para locais como Arganil, Sintra, entre muitos outros, em busca dos Ralis, e que hoje vêm até ao Museu para recordar e relembrar o carro que viram em determinada prova. Esta é, de facto, uma paixão minha, mas não só, eu arrisco-me a dizer que a seguir ao futebol, o automobilismo é o que gera mais paixões em Portugal. Urbi:Há alguma miniatura que lhe faça recordar algo de especial ou até um momento caricato? R:. Existem várias. Ainda há pouco estava aqui com pequenas alterações numa das vitrinas do Museu e ao pegar num Opel Corsa não hesitei em dizer à minha colega que esse foi o primeiro carro que tive. Estes pequenos automóveis trazem-me muitas recordações que gosto de lembrar e até de partilhar. Felizmente isso não acontece só comigo. Os carros de Rali lembram-me os tempos em que, com amigos, ia para Arganil durante a noite só para ver provas. Existem também momentos caricatos, histórias de carros aqui representados. Por exemplo, na altura do Rali Monte Carlo, e como forma de o promover, deixou-se que no Rali participasse qualquer veículo que se movesse, e assim foi. A participar esteve um autocarro que temos aqui exposto na colecção do Rali de Monte Carlo. Urbi:Como surgiu o seu primeiro contacto com o “mundo da miniatura automóvel”? R:. Isto dos automóveis surge quase como uma tradição familiar. Eu costumo, sempre a jeito, dizer que nasci do motor de um automóvel. Aos sete anos de idade eu já guiava o carro do meu pai e punha-o na garagem, portanto, não será demais dizer que com o passar dos anos esse gosto se foi cimentando. Tenho uma grande afinidade com os automóveis e houve pessoas que ao tomarem conhecimento disso me desafiaram para liderar este projecto. Eu aceitei e assim foi. Confesso que na altura do desafio eu desconhecia por completo este mundo dos carrinhos em miniatura, mas bem lá fui eu arriscar. Ao início foi muito complicado porque não imaginava sequer que uma miniatura pudesse custar 20 mil euros e não sabia, realmente, por que motivo tantas pessoas se deslocavam até ao Museu. Urbi:O Museu vai crescer em termos de instalações ou até com a aquisição de novas peças? R:. No que diz respeito ao crescimento do Museu, se dependesse de mim, hoje já teríamos um espaço maior e totalmente diferente. Aí sim, talvez pudéssemos expor mais peças. Gostaríamos de expor até 10 mil miniaturas no máximo, até porque muitas das colecções que aqui estão são apenas uma parte daquilo que tem o seu coleccionador. De facto ambicionamos alargar o espaço e o espólio do Museu para que este possa também proporcionar uma maior interactividade e dinamismo. Gostaríamos de criar uma biblioteca do Museu, um bar, um espaço lúdico destinado apenas para as crianças e ter melhores condições de acessibilidade. Para nós tem sido uma grande preocupação o facto de não dispormos de condições para que pessoas portadoras de deficiência motora se possam aqui mobilizar. Gostaríamos também de criar um espaço onde pudéssemos expor carros à escala real, é que além das miniaturas, são muitas as pessoas que nos oferecem este tipo de veículos. Penso que com isto ganha não só o Museu, mas também a cidade e a região. Hoje em dia um Museu vale por toda a sua interactividade e como exemplo disso temos o Museu do Pão em Seia que disponibiliza um comboio para que as pessoas possam visitar a cidade. Como tal e para que tal também aconteça em Gouveia, tem de haver receptividade total por parte da Câmara Municipal, tudo depende dela e das entidades competentes. De qualquer forma há já dois espaços pensados para novas instalações, um desses lugares é num edifício novo, construído de raiz, e o outro é num edifício já existente que também será de aproveitar. Segundo as palavras do presidente do município, num espaço máximo de dois anos, o Museu terá um espaço maior. Urbi:Alguma vez se lembrou de criar uma colecção específica que faça lembrar ou se associe apenas a este Museu? R:. Sim, mas acrescento mais. No futuro, quando tivermos um outro espaço, gostava que Museu da Miniatura Automóvel dispusesse de uma área apenas destinada aos coleccionadores do concelho. Estes são mais do que pensamos. As ideias já são muitas, mas agora tudo depende da Câmara Municipal de Gouveia e outras entidades responsáveis. Urbi:Como se relaciona este Museu com os restantes da zona? R:. Esta questão centra-se numa das preocupações que temos tido. Sempre que um clube, um grupo, ou uma pessoa vem aqui visitar o Museu, nós queremos sempre que estes conheçam outros espaços da região e é por isso que os informamos e lhes propomos outros museus como é o caso do Museu do Lagar de Vila Franca da Serra, o Museu do Pão em Seia, o Museu de Melo, entre outros da zona. Isto é realmente muito importante porque não somos só nós que divulgamos esses Museus, eles também nos divulgam a nós. Todos promovemos todos. Aproveito desde já para dizer que recentemente o nosso museu assinou um protocolo com um outro museu, o de Salamanca. Esta foi uma parceria que nasceu da visita de um dos responsáveis do Museu de Salamanca ao Museu da Miniatura Automóvel, depois de uma conversa surgiu o então protocolo. É desta forma que este museu acaba por se relacionar com outros. Estamos todos cientes de que ninguém vive sozinho e de que ninguém é melhor que ninguém, portanto se pudermos ganhar com os outros museus melhor, e se os outros museus puderem também ganhar connosco óptimo. Urbi:Por ano quantos visitantes entram neste museu? R:. Nós neste momento devemos ter uma média de 40 ou 50 mil visitantes, sendo que muitas vezes nos é difícil fazer esta estatística, pois existem, por exemplo, protocolos com as escolas do concelho e a estas não lhes é exigido o pagamento do bilhete. O mesmo se passa com os grupos ligados aos nossos promotores. Embora tenhamos o cuidado de pedir sempre e a todas as pessoas para que assinem o livro de visitas, isso nem sempre acontece, tornando-se difícil contabilizar com exactidão as pessoas que cá vêm por ano. Em todo caso há já um grande orgulho em dizer que até agora foram milhares as pessoas que visitaram este espaço. Oxalá que assim continue até ao fim do ano. Urbi:De que forma é que este Museu contribui para o desenvolvimento de Gouveia? R:. Vou responder a esta pergunta através de um exemplo. As actividades levadas a cabo com os clubes contribuem bastante para esse desenvolvimento. Um grupo de 40 ou 50 pessoas que se desloque até à cidade de Gouveia e cá permaneça entre sexta-feira a Domingo, só em alimentação e habituais regalos, alojamento, combustível e visitas a locais, deixam no concelho cerca de 5 mil euros. Graças a estas visitas se calhar uma senhora foi ao supermercado, outra comprou umas meias, outra foi ao cabeleireiro e outra parou num lugar para beber um café e comer um bolo. Muitas destas pessoas acabam por voltar ao concelho com a sua família e isto é importante, dá lucro e promove não só o Museu da Miniatura Automóvel, mas também o concelho e outros museus em redor. |