O espaço parece estar talhado para a mostra que junta um conjunto alargado de autores. As pedras graníticas da antiga fábrica Mendes Veiga combinam com o chão de pinho maciço para resultarem numa luz ambiente própria de uma estrutura museológica já bastante referência.
É por entre os espaços da antiga fábrica, agora transformada em espaço de memória colectiva que se alojam os trabalhos dos alunos da disciplina de Desenho, integrada na licenciatura de Design Multimédia e ministrada por Francisco Paiva. Para o responsável, “por um lado, a saída da sala de aula salva estas obras do anonimato, por outro proporciona um salutar distanciamento do seu ambiente natural”. E há de tudo um pouco, desde pinturas mnemónicas, passando por desenhos de paisagens transformadas e terminando em experiências fotográficas com luz são muitos os trabalhos e as expressões artísticas apresentadas.
Toda a exposição foi organizada pelos alunos da cadeira, assumindo o docente “um papel mais de coordenador”. A própria selecção das obras agora expostas “ficou a cargo dos estudantes” que ontem, na abertura oficial, explicaram as suas criações ao público presente.
Uma forte presença nestes trabalhos é a da paisagem. Francisco Paiva esclarece que “estes projectos revelam preocupações diversas acerca da qualidade assumida da paisagem, desde a percepção multisensorial à dicotomia entre a natureza e a arte”. O responsável pela cadeira refere a importância de trabalhar esta área no caso do desenho, até porque, “o desenho serviu para documentar a transformação, o fluxo do tempo e os diferentes níveis de imersão num determinado lugar”.
Elisa Pinheiro, directora do Museu de Lanifícios, assinalou também a importância desta mostra. Para além de ser mais uma forma da estrutura museológica interagir com os alunos da própria universidade, esta é, para a responsável daquele espaço, “mais uma oportunidade de revelar novos talentos”. A directora do museu lembra também que o tema proposto pelo International Council of Museums para estas estruturas, em 2010, é precisamente o de “Os museus e a harmonia social”. Nesse sentido “temos vindo, na nossa esfera de influência, a diversificar estratégias no sentido de captar diferentes camadas de públicos eu se mantêm arredadas da fruição dos museus, procurando dessacralizar e tornar amigável um equipamento cultural que, verdadeiramente, só poderá cumprir-se alicerçado no cimento social da comunidade onde se integra”.
A mostra vai estar patente ao público até ao final do mês e pode ser vista durante o período de funcionamento do museu, no Núcleo da Real Fábrica Veiga.