Jorge Miguel dos Reis Silva, um dos docentes do Departamento de Ciências Aeroespaciais (DCA) sublinha que o conhecimento e a aprendizagem dos alunos desta área não se esgota apenas nas aulas técnicas e teóricas. Por isso mesmo, devido à importância que as situações práticas têm nesta ciência, os alunos do mestrado em Engenharia Aeronáutica assistiram a um seminário sobre “Segurança em Infra-estruturas Aeroportuárias”.
Esta iniciativa, aberta a toda a comunidade, contando com a presença de alguns interessados pela temática, foi conduzida por João Ventura, membro da Unidade Nacional Contra-Terrorismo da Polícia Judiciária. O agente da autoridade que já passou pelos mais variados “locais difíceis” no planeta, revela a crescente ameaça dos perigos terroristas relacionadas com aeronaves ou aeroportos.
João Ventura começou por lembrar “como não poderia deixar de ser, o episódio do 11 de Setembro e das Torres Gémeas”. O mais conhecido acto terrorista dos últimos tempos “teve por base diversos aviões e estruturas aeroportuárias”. Para além deste episódio “há também um outro que felizmente não teve as mesmas consequências, em Londres”. Nesse sentido, o agente da Polícia Judiciária, lembra a crescente importância de se reforçar a segurança “quer nas aeronaves, quer no aeroporto, quer na circulação de pessoas e bens”. A sua experiência “de locais como o Afeganistão e o Paquistão, Israel, Arábia Saudita, Iraque ou Índia”, levam-no a crer que os transportes aéreos “sejam meios cada vez mais utilizados para acções terroristas”.
Uma temática deste género “é tanto mais importante quanto for explicada e difundida”. Daí a presença deste elemento da Unidade Nacional Contra-Terrorismo, da PJ, na UBI. Abordar “algumas situações que podem conduzir a actos ilícitos é um dos objectivos”. A formação de engenheiros, de técnicos e pessoas ligadas aos aviões “deve também passar por conhecer os possíveis perigos, as zonas mais sensíveis e as metodologias habituais utilizadas por este tipo de grupos”. Nesse sentido, João Ventura veio mostrar algumas práticas de falsificação de identidades, de circulação de pessoas recorrendo a aeronaves e também de materiais ilegais.
Os alunos colocaram diversas questões sobre estas temáticas e abordaram as possibilidades que engenheiros e técnicos têm de “trabalhar em prol da segurança”. Nesse aspecto, o agente da Polícia Judiciária lembrou o papel desempenhado na criação de novos aparelhos, de estruturas de apoio não só aos aviões, mas “às múltiplas tarefas que diariamente têm de ser feitas num aeroporto”. Para além destes pontos, “há sempre que levar em conta a gestão das estruturas, dos recursos humanos, dos passageiros e das rotas”.
Na perspectiva deste elemento, “a abordagem de temática desta natureza é bastante actual e importante”. Um ponto “de referência e que deve ser valorizado na formação dos profissionais da área”, acrescentou o orador convidado para este seminário.