O café Montiel abriu as portas ao público nos anos 60, e para além de café tinha também restaurante e snack-bar. Nessa época era uma casa de luxo, com porteiro, e as pessoas não entravam lá vestidas de qualquer forma. A partir do 25 de Abril o Montiel passou a ser frequentado por toda a população. Abriu como café, snack-bar, e restaurante, no mesmo piso, e as instalações eram bem diferentes, eram mais rústicas. Há cerca de 11 anos sofreu remodelações, o restaurante passou para o primeiro piso, aliviando assim, a parte do café.
Com o passar dos anos quer o café quer o restaurante tiveram que evoluir, devido à exigência dos clientes. Joaquim Santos, empregado do estabelecimento há oito anos, diz que hoje em dia o cliente é mais exigente, e isso é um aspecto positivo uma vez que os obriga "a serem mais profissionais".
Com os anos, tanto as infra-estruturas como os profissionais tiveram que se adaptar aos novos tempos e às novas exigências de quem os visita, e devido ao profissionalismo e ao carinho que os empregados demonstram pelas pessoas que lá entram, ainda hoje é frequente entrarem lá senhores que assistiram à abertura da casa.
A casa Montiel conta actualmente com 16 empregados, mais a gerência. Pela gerência desta casa têm passado alguns nomes ao longo destes anos, e desde há um ano para cá, Carlos Barata encontra-se à frente da casa mais antiga da Covilhã. Apesar de todas as modificações, os funcionários da casa têm-se mantido no seu posto de trabalho, e prova disso é o “Sr. Fernando”, que faz do Montiel a sua casa há mais de 20 anos. Todas as pessoas que lá trabalham mantêm uma boa relação com os clientes e a familiaridade é tanta que muitas vezes acabam por cair numas “brincadeiritas”, pois os empregados e os clientes que os visitam com alguma regularidade conhecem-se muito bem uns aos outros.
Nesta casa, o tipo de cliente que a frequenta varia muito, e vão desde advogados, juízes, bancários, até profissões ligadas ao comércio e serviços. No geral os clientes são da zona, mas têm também pessoas de outras cidades e até de outros países, tendo maior permanência no Inverno, uma vez que são incentivados pelo turismo da Serra da Estrela. Por ali passa um pouco de tudo, desde crianças, jovens, adultos, idosos e famosos como o Tony Carreira, Quim Barreiros, e vários actores portugueses.
A casa Montiel é uma paragem obrigatória para os populares, e principalmente para os idosos na casa dos 60 anos, que são clientes que já “fazem parte da mobília”. Para além de os mover a recordação de tempos antigos, agora também visitam a casa pelo serviço prestado e pelas pessoas que lá trabalham.
Este é um estabelecimento que tem sobrevivido ao longo dos anos, mas no entanto está a ser afectado, como tantos outros, pela crise que o País atravessa. Embora as dificuldades económicas tenham afectado as vendas em cerca de 40%, de há um ano para cá, a casa mais antiga da cidade da Covilhã continua erguida e com vontade de perdurar ao longo dos próximos anos. A assiduidade de quem a visita, é a grande responsável pela sua permanência. Estas pessoas procuram essencialmente pratos típicos como a panela no forno, o cabrito assado, arroz de carqueja, entrecosto com enchidos, bacalhau à lagareira, entre outros.
A ementa com o tempo foi-se modificando, e hoje o cliente tem à escolha dez pratos do dia diferentes, fora os 40 pratos que existem na lista permanentemente. Embora a escolha seja vasta, o cabrito assado e a panela no forno são os dois pratos que estão no topo dos pedidos, fazendo parte da comida tradicional portuguesa que caracteriza o restaurante Montiel.
Gorete Costa é cozinheira nesta casa e juntamente com o chefe de cozinha preparam diariamente a ementa com alguma antecedência. Aquilo que comem as pessoas que os visitam fica ao critério dos dois cozinheiros, excepcionalmente quando são realizados eventos, pois nesses casos são os clientes que escolhem a ementa desejada.
No restaurante Montiel é costume realizarem-se baptizados, aniversários, jantares de estudantes, e despedidas de solteiro. Há pessoas que seleccionam o Montiel todos os anos para festejarem algo, como é o caso dos membros da Liga dos Combatentes, que já realizam um jantar de grupo há dez anos consecutivos nesta casa.
Para compensar o carinho com que são visitados dia após dia, os funcionários da casa Montiel só encerram as portas um dia por ano, a 25 de Dezembro. Nos restantes dias trabalham com gosto, por turnos de modo a não estarem cansados, para poderem dar aos clientes um bom serviço e a atenção que eles merecem.