É o único cidadão português a ser eleito para todos os órgãos autárquicos regionais. Santinho Pacheco, actual Governador Civil da Guarda, gosta de sublinhar esse feito no seu currículo político.
O antigo presidente da Câmara Municipal de Gouveia, veio à UBI falar sobre “Regiões e Municípios: desafios do futuro”. Uma conferência que decorreu no Anfiteatro das Sessões Solenes e esteve integrada nos eventos promovidos pelo curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais. Para este político, militante socialista, o poder autárquico “foi uma das maiores conquistas de Abril”. Santinho Pacheco fez questões de explicar esta ideia já avançada por outros, com base na sua experiência pessoal. “É ao presidente de junta, é ao presidente de câmara que são colocados os desafios pelos cidadãos, todos os dias”.
Portugal “ganhou muito com o poder autárquico”, mas, confessa o antigo edil “acabou por sofrer as consequências de alguns lugares muito personalizados”. Santinho Pacheco introduziu o tema da regionalização através das suas experiências enquanto eleito. No período pós-revolução, as juntas e câmaras deram origem a todo um trabalho de alteração do território nacional. Num País onde as diferenças entre litoral e interior ainda hoje são significativas, “faltava de tudo um pouco, desde saneamento, até água potável, desde estruturas de recreio até edifícios públicos”. Tudo isso foi sendo conseguido através do poder local. Mas “a falta de projectos integrados, a individualização de lugares” levaram a uma grande dívida, à multiplicação de estruturas e “a um virar de costas entre municípios”.
Actualmente ocupa um lugar de nomeação governamental, mas Santinho Pacheco fez questão de referir as muitas eleições que disputou e venceu com maioria “prova de que os projectos, quando bem realizados, são apoiados pelos cidadãos”. Como governador civil mostra-se defensor da regionalização, mas vista como a criação de territórios de projectos comuns e de partilha de ideias. O grande problema, lembra este político “é precisamente o da falta de entendimento e planificação inter-municipal”. A título de exemplo, Santinho Pacheco falou nas estradas “que são construídas num concelho, mas que na sua fronteira com o concelho vizinho não têm ligação”. Ou mesmo “nos pavilhões desportivos, nas piscinas e outras estruturas que são construídas em locais onde a sua utilização não é a mais viável”.
Razões que fizeram as autarquias reféns de uma considerável dívida pública. Ainda assim, o governador civil aponta para um futuro comunitário, onde as diferentes regiões sirvam para conferir maior relevância ao território nacional e combater as assimetrias.