As políticas educativas retiraram da lista de provas de acesso ao Ensino Superior, a Filosofia. Um ponto que veio fazer com que muitos jovens acabem por não optar por esta área.
Urbano Mestre Sidoncha, director do curso de Filosofia da UBI, integrado no Departamento de Comunicação e Artes, explica a necessidade de promover eventos que “emprestem alguma dignidade institucional à Filosofia”. O docente espera uma maior aproximação à comunidade estudantil que esteja a decidir o seu futuro profissional.
Para tal, os alunos do Ensino Secundário, devem redigir um texto que tenha por base o tema do concurso “Arte, Conhecimento e Comunicação”. Temática de larga abrangência que “julgamos ser suficientemente vasta e genérica e que toca questões que estão vertidas nos programas do Ensino Secundário” Os responsáveis esperam agora “estimular interpretações diferentes e aferir dessas visões de textos e realidades, o interesse dos alunos para esta área”.
Um prémio “simbólico” que funciona mais como forma de chamar a atenção dos alunos, quer para a necessidade destes aprofundarem mais os seus conhecimentos sobre a área, quer para um maior cuidado que devem ter nas suas escolhas. “O que actualmente se regista com a Filosofia é que na altura de escolha, muitas pessoas acabam por não ter noção do que estão a fazer. Mas também existe o contrário, em que as pessoas que têm uma genuína vocação filosófica acabam por se perder e deixar cair aquelas que são as marcas distintivas de um curso de Filosofia”, refere Urbano Sidoncha.
Lançar este prémio, com o objectivo de promover a curiosidade pela área e pelas suas potencialidades é uma meta dos organizadores. “A nossa ambição é, também, fazer um prémio mais apelativo, mas neste momento oferecemos o que podemos. Para já, o texto vencedor vai ser publicado no site do curso de Filosofia, que está a ser constituído neste momento e no sítio Web “Lusosofia”. Há também uma estadia para duas pessoas numa das Pousadas da Juventude e um certificado. O director do curso de Filosofia espera que, com este desafio “os jovens comecem a debater entre si. Até porque, a Filosofia, não se faz apenas nas universidades. Há que estimular a reflexão, o espírito crítico, no fundo, este concurso não é mais do que incomodar, no sentido positivo, porque é assim que a ciência se faz, inquietando o nosso domínio tranquilo do saber familiar”.
Para além destes fundamentos, os responsáveis pela leccionação desta área, na UBI, querem também, com este evento, “emprestar alguma dignidade institucional à Filosofia que lhe foi retirada no momento em que foram suprimidas as provas do Ensino Secundário nesta área”.
Urbano Sidoncha refere que, “com este cenário chegámos à situação ambígua dos alunos que querem cursar Filosofia terem de fazer provas noutras áreas e isso vai retirar algum espaço a esta disciplina”. Com este concurso, que tem na criação de um texto o seu ponto de apoio fundamental, pretendem-se estimular novas vocações, “rotinar os alunos na prática da escrita e da leitura, porque são carências absolutas que se registam mesmo aqui na universidade e potenciar novos instrumentos de forma a descobrir vocações para que exista um efeito de procura nos cursos de Filosofia, que nesta fase tem vindo a registar quebras”.
O prémio é aberto a todos os alunos do Ensino Secundário. Os interessados devem redigir um texto sobre o tema geral e enviar esse trabalho, até ao dia 30 de Junho, para a organização do evento, tal como explicado no regulamento do concurso.