Com dimensões continentais, divisão em 27 estados e, cada um deles, com constituições, políticas tributárias e cadastros próprios, o Brasil reúne as condições ideais para ser burocratizado. E não “desaponta” no quesito. Num recente estudo de competitividade feito pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Administração, da Suíça, o país ficou na 52ª posição, entre 58 nações avaliadas, no item “eficiência do governo”.

Para abrir uma empresa no Brasil, o caminho menos complicado é pagar um escritório de contabilidade, ter um gasto acima de dois salários mínimos nacionais, assinar muitos papéis e esperar cerca de 60 dias pela conclusão do processo. O empresário também pode conduzir o processo sozinho, desde que tenha muita paciência e disposição para visitar (e quase sempre mais de uma vez) o Cartório de Pessoas Jurídicas, Fazenda Federal, Caixa Federal, Fazenda Estadual, Fazenda Municipal, Segurança Social e, dependendo do caso, ainda a Junta Comercial, Bombeiros, Secretaria do Meio Ambiente, entre outros.

Diante desse cenário, é fácil entender a surpresa do presidente Lula da Silva ao descobrir que em Portugal é possível criar uma empresa em menos de uma hora. O governante destacou aos jornalistas brasileiros que durante a X Cimeira Luso-Brasileira conversou sobre o assunto com o primeiro-ministro José Sócrates e pediu ao ministro Miguel Jorge (do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil) que estude um intercâmbio para implementar uma iniciativa semelhante no país.

O presidente Lula também destacou na ocasião que, para combater a grande burocracia que inibe o empreendedorismo no Brasil, pensou em criar o Ministério da Micro e Pequena Empresa ainda em 2010. Mas, diante da eleição presidencial em Outubro, achou melhor deixar a ideia apenas como uma “sugestão” para o próximo Governo.