São jovens jogadores de futebol do Sporting da Covilhã, querem seguir uma carreira de futebolista e tiveram a oportunidade de treinar com os craques da selecção portuguesa de futebol, que preparam na Covilhã o Mundial de 2010 na África do Sul. Diogo Gaspar e Fábio Sousa não escondem a alegria que tem sido trabalhar com os internacionais portugueses, afirmando mesmo que mudaram a “forma de ver o futebol e os futebolistas”.
Ao todo são dez jogadores da cidade da Covilhã, divididos pelos clubes da Associação Desportiva da Estação e pelo Sporting da Covilhã, os jovens atletas que têm ajudado nos treinos da selecção portuguesa. Como a chegada dos internacionais portugueses ao estágio da selecção foi a conta-gotas, os atletas das equipas covilhanenses foram muito importantes no inicio do estágio e ajudaram a completar o grupo de trabalho, permitindo assim realizar os exercícios preparados pela equipa técnica liderada por Carlos Queiroz. O seleccionador fez mesmo questão de referir várias vezes o contributo dos jovens atletas nos treinos da equipa das quinas.
“Tem sido muito positivo para aprender a ver o futebol de outra maneira, a pensar mais no colectivo”, afirma Diogo Gaspar, atleta do Sporting da Covilhã, que considera também que esta experiência tem servido para “perceber o nível dos jogadores da 1ª Liga”, bem como para “compreender a virtude que os jogadores de futebol têm”. Isto porque para o jovem jogador de 18 anos o seu futuro passará por uma carreira de futebolista.
Também Fábio Sousa partilha desta ambição. “Quero subir aos poucos na minha carreira e quem sabe fazer parte do plantel principal do Sporting da Covilhã”, revela o jovem de 17 anos, que também viveu a experiência de estar perto dos internacionais portugueses e afirma ter visto “uma realidade diferente do que é o futebol, que não é só ganhar dinheiro”.
Agora com o grupo dos 24 convocados completo, conforme afirmou o seleccionador nacional Carlos Queiroz, “é altura de pôr o pedal a fundo”. De resto, pode-se considerar que o estágio a sério começou a partir de quinta-feira, com a chegada da maior parte dos jogadores nesse dia. No dia seguinte, sexta-feira, viveu-se a “loucura” da chegada de Cristiano Ronaldo e finalmente no sábado o grupo de trabalho ficou completo.
Assim, as participações dos jovens covilhanense ficam mais limitadas, mas os jogadores afirmam que sempre que necessário estão prontos para ajudar, ainda que a equipa de juniores ainda esteja em competição. Para o jogador de 18 anos, “treinar duas vezes ao dia é cansativo, pois não estamos habituados”, explicando ainda que a participação no estágio permitiu “aprender jogadas tácticas que não conheciam”.
Também o médio defensivo Diogo Gaspar sentiu nas pernas a carga física. Embora a equipa de juniores do Sporting do Covilhã ainda esteja em competição, a participação dos seus atletas no estágio não parece ter prejudicado o rendimento, pois no fim-de-semana passado a equipa venceu por 3-1 o Núcleo Desportivo e Social da Guarda, num jogo a contar para a fase de manutenção da 2ª divisão nacional de juniores A.
Com a possibilidade de contactar com os jogadores da selecção, os jovens do Sporting da Covilhã revelam que foi com Nani com quem mais contactaram. “Foram todos simpáticos, mas o Nani é quem tem a mentalidade mais jovem”, afirma Fábio Sousa, que explica que os internacionais portugueses “distinguem bem as coisas, sabem quando é para trabalhar e quando é para brincar”, mas revela que há aqueles que mantêm mais uma postura profissional. Quanto ao membro da equipa técnica com quem mais contactaram também existiu um consenso. “Era com o Agostinho Oliveira com quem falávamos antes de realizar as jogadas”, afirma Fábio, que considera que Portugal tem todas as condições para atingir o pódio. “O Agostinho Oliveira era como se fosse o nosso treinador”, revela Diogo Gaspar, acrescentando que foram dados aos jovens covilhanenses alguns conselhos importantes. “Avisaram-nos para termos cabeça e não entrarmos na má vida”, afirma o jovem do Covilhã, que pretende fazer do futebol carreira.
Mas não foi só dentro campo que a Selecção Nacional tem tido ajuda nesta preparação para o Mundial de 2010, pois a ajudar na preparação dos treinos têm estado vários alunos de Ciências do Desporto. Bruno Porfírio é um deles, e explica que como são estudantes da área desportiva “tem sido muito bom e tem sido uma experiencia mais prática, com uma equipa de alto rendimento e com as melhores infra-estruturas e métodos de treino”.
Mas qual é a função destes estudantes universitários no estágio da selecção? Alfredo Vieira, também a ajudar no estágio explica: “O nosso trabalho passa por colaborar na montagem dos exercícios que os jogadores irão realizar, e responder rápido a alguma necessidade de algum material ser transportado para um sítio mais cómodo, para que os jogadores tenham as condições óptimas para darem as melhores performances de cada um”, explica o aluno de desporto.
“Apesar de não ser directa, a nossa intervenção tem servido para estar mais próximo da realidade que vive uma equipa de alta competição”, afirma Porfírio, que faz parte da equipa de futebol da AAUBI. Tendo em conta que esta é uma oportunidade única para estes jovens estudantes de desporto, Bruno Porfírio considera que se “pode aprender muito neste estágio”, e explica que “têm aproveitado ao máximo a oportunidade para falar com a equipa técnica, com os médicos, para tirar dúvidas e para perguntar sobre os métodos utilizados”. O estudante universitário lembra que “não se pode perder uma oportunidade destas”, e considera que esta realidade em nada é semelhante ao que vivem durante o curso. “Embora o que aprendemos seja o mesmo, a pouca prática faz com que muita gente não esteja familiarizada com o que se passa na prática”, afirma Porfírio.
Alfredo Vieira, que é o treinador da equipa masculina de voleibol, explica que estar perto dos melhores jogadores e treinadores “é muito importante”, pois a prática é, na opinião do aluno de Ciências do Desporto, mais importante que a teoria. “Todos os que frequentam este curso deveriam ter também a possibilidade de ter estas experiências, pois o sucesso de um bom profissional em desporto está em campo e não dentro de uma sala de aula”, defende Alfredo Vieira.
Para Bruno Porfírio, os internacionais portugueses têm todas as condições para realizar o estágio e o aluno de desporto mostra-se confiante num bom desempenho de Portugal. “Agora com o grupo completo o trabalho é mais sério e estamos no bom caminho para obtermos um bom resultado”, afirma o estudante. Quer seja lá fora, com o muito público que tem apoiado a selecção, quer seja no próprio estágio, com os jovens jogadores a treinarem com os craques ou os jovens estudantes a auxiliarem a preparação dos treinos, a Covilhã está a deixar uma marca nesta preparação para o Mundial de 2010 na África do Sul.
Nestes dias de estágio já houve tempo para acontecerem situações caricatas, e até para conhecer melhor os jogadores. Bruno Porfírio conta que tem contactado mais com Miguel Veloso, mas que foi com Bruno Alves que ficou mais surpreendido. “Ele fora do campo é muito simpático”, explica Porfírio, o que mostra que toda aquela figura imponente reina só dentro do campo. Uma aluna de desporto teve até um contacto pessoal com Cristiano Ronaldo, mas de uma forma diferente. “Um livre do Ronaldo apanhou uma amiga minha desprevenida, e acertou lhe em cheio na coxa. Ela com vergonha foi para trás de uma baliza chorar, mas logo socorrida pelos médios pela selecção, ficando com um autógrafo do Ronaldo na forma de negrura na perna”, conta Alfredo Vieira.