É crescente a tendência de ouvir os cidadãos, a opinião das pessoas, quando se tomam decisões que têm impacto na vida colectiva. Desde câmaras municipais que promovem consultas públicas sobre orçamentos, ou até, alterações dos planos de construção, passando pelos meios de comunicação que fomentam a participam das pessoas através de várias formas e para um alargado leque de assuntos, há de tudo um pouco.
O meio académico e os agentes de comunicação estão atentos ao fenómeno criando já correntes de estudo e formas de maior interactividade. Estudar este assunto é o principal objectivo dos segundos encontros da montanha. Uma jornada de três dias que terá lugar entre 14 e 16 de Maio, na Pousada da Juventude, nas Penhas da Saúde, vai servir também para fazer um balanço do estado actual deste tema.
Diversos investigadores vão debater a “Comunicação e deliberação”, num evento promovido pelo Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online (Labcom) da UBI. Para João Correia, docente na Faculdade de Artes e Letras e um dos organizadores do evento, “neste momento, há uma grande tendência a nível internacional, não apenas nas academias, mas nos jornais e no aspecto prático da questão, de querer ouvir os cidadãos em processos de decisão colectiva”. Para o docente e investigador “há uma tendência muito grande para tentar, em questões que não são meramente científicas ou técnicas, tentar escutar o que os cidadãos têm para dizer, na perspectiva de que uma decisão pode ganhar mais consistência com este processo deliberativo prévio”.
Nesse sentido os media acabam por jogar um papel fundamental “porque ajudam a disseminar informação e a incentivar alguns processos de debate e de assuntos colectivos, como sejam estes tipos de decisões que sejam necessários tomar”.
Estes segundos encontros reúnem um conjunto de investigadores que apresentam os seus mais recentes trabalhos. O destaque vai para as intervenções de Rousiley Maia, da Universidade Federal de Minas Gerais, no Brasil, que é “uma das maiores autoridades mundiais das ligações entre os media e os processos de ligação cívica com os cidadãos”. Também a presença de Nico Carpentier, da Universidade Livre de Bruxelas, que para além de um especialista nesta matéria é também o vice-presidente da Associação Europeia da Comunicação (ECREA) e da secretária geral da ECREA, que vem da Escola de Jornalismo de Cardiff, Tâmara Witschge.
João Carlos Correia espera que desta iniciativa resultem “novos caminhos de investigação”. Na óptica do docente “Portugal está um pouco atrasado nestas questões, não tanto quanto se pensa”, isto porque, este processo ainda não tem, em solo luso, “o impacto que tem noutros países”. Criar novas oportunidades de estudo e desenvolver caminhos de intercâmbios com as empresas e com as instituições são também metas para estas jornadas que começam no próximo dia 14 de Maio, pelas 14 horas e terminam, domingo, 16, durante a manhã.