Foi com o intuito de cruzar estas duas áreas científicas que se realizou no passado dia 6 de Maio, na Sala dos Conselhos da UBI, uma conferência intitulada “A semiótica e a criação de sentido – as organizações como comunidades vivas”. O evento esteve a cargo da área de Filosofia, do Departamento de Comunicação e Artes e do Instituto de Filosofia Prática (IFP) da Faculdade de Artes e Letras.
Esta conferência teve como suporte a tese da professora do Instituo Politécnico de Setúbal, Ângela Nobre. “Aprendizagem semiótica” é o nome do trabalho de investigação da palestrante e tem como propósito contribuir para um melhor desenvolvimento das práticas organizacionais, recorrendo à aplicação de conceitos teóricos raramente utilizados em investigação do nível organizacional, como é o caso da teoria semiótica.
Ângela Nobre defendeu que “a semiótica é a criação de sentido”, acrescentando que “olhar para a semiótica como um processo, como algo que nos permite o acesso a esse mesmo processo de manifestação da realidade, leva-nos a descobrir aquilo que é a essência da vida”. E porque esta criação de sentido não se faz de forma isolada, é de se ter em conta o processo de acção, de participação, de interacção, para que assim exista uma determinada criação de sentido no mundo dos seres vivos. Ângela Nobre defende que “a prática e o uso da linguagem são dois aspectos fundamentais durante este processo”. Desta forma, novas abordagens poderão ser desenvolvidas, de modo a melhorar a capacidade de construção de significados a nível organizacional.
A ideia fundamental do tema, “A semiótica e a criação de sentido – as organizações como comunidades vivas”, é para a palestrante “entender o que é uma organização, como funciona, do que depende o seu sucesso, do que se pode fazer para que as pessoas que nesta trabalham se sintam satisfeitas”. Ângela Nobre cruza a área da filosofia com a área da gestão, de modo a que se possa “entender o processo de organização de uma forma que crie sentido no mundo”. Para esta docente “a gestão tem um pensamento redutor e superficial em relação ao que existe em outras áreas, como na área da semiótica, daí também essa ligação”. O professor de filosofia da UBI, José António Domingues, considera que esta relação faz todo o sentido e é de grande relevância uma vez que ajudará “a modificar a percepção dos locais onde vivemos”. “A semiótica é o processo de funcionamento que leva à emergência de normas, rotinas, hábitos, cultura e identidade, que oferece contribuições para o estudo dos processos de criação de sentido”, concluiu Ângela Nobre.