Todas as últimas quintas-feiras de cada mês, a Câmara Municipal da Covilhã promove uma “troca de palavras” no Auditório da Biblioteca Municipal. “O 25 de Abril na Covilhã” foi o tema da tertúlia realizada no passado dia 29 de Abril.
Doutorada em História Contemporânea, Adélia Mineiro fez com que aquele espaço se tornasse “um ambiente acolhedor, entre amigos e que todos possam participar, festejando assim o 25 de Abril”. Fez ainda questão de referir que foi “importante chamar alguns amigos que viveram no tempo da ditadura e do fascismo”.
No decorrer desta troca de palavras, a escritora fez questão de ler um poema de Jorge de Sena, relativamente à liberdade. De entre os convidados, e amigos, destacaram-se, pelo seu testemunho, António Risso, Ascensão Simões, António Pinho, Manuel Gomes e José Laço.
Começou por testemunhar António Risso, democrata e revolucionário, participou em quase todas as lutas da classe operária, a nível sindical, na Covilhã. Seguiu-se José Laço, que recorreu às lembranças pessoais para testemunhar os tempos de ditadura e censura, vividos no regime de Salazar. Correspondente do Jornal do Fundão, explicou as dificuldades que sentia ao escrever para a imprensa, devido à censura. Recordou, em forma de ironia, que o Jornal do Fundão era “censurado variadíssimas vezes. E quase todas as semanas tinha que ir a Lisboa por causa disso”.
O terceiro convidado de Adélia Mineiro, António Pinho, integrara, naquele tempo, nas listas do MDP-CDE, e foi dos poucos que no dia 26 de Abril esteve na Câmara da Covilhã. Pinho recorda ainda hoje todos os momentos de tortura por que passou: “Fui preso aos 19 anos. De tanto que sofria, houve um dia em que tive que pedir ao médico da tropa que me arranjasse uma doença qualquer porque estava prestes a rebentar”.
Em quarto lugar discursou Manuel Gomes, que passou pelas prisões da PIDE, e que a 23 de Dezembro de 1963 foi preso porque cometeu “o delito de lutar pela liberdade!”. Ascensão Simões também não quis deixar de parte o seu testemunho, relembrando os tempos da sua juventude, explicando as diferenças entre o ensino de antes e o de agora. Contudo, não quis também deixar de referir que “só no 1º de Maio é que tivemos a certeza que éramos livres”.
Esta tertúlia cultural terminou com algumas intervenções do público, e Adélia Mineiro fez ainda questão de brindar todos os seus convidados com um cravo vermelho.