Feita a abertura, tomou em primeiro lugar a palavra a líder da bancada do Bloco de Esquerda, Neli Pereira, a qual afirmou que o 25 de Abril "é relembrado pelos mais velhos, enquanto para outros, os mais jovens, pouco invocado é”. Durante a sua alocução, a deputada municipal sublinhou que “ foi este fundamental acontecimento que devolveu aos portugueses a liberdade, que tornou o País mais livre, mais justo e mais fraterno. Um projecto consistente consolidado pela democracia, pois a ditadura deixou marcas profundas que era preciso sarar, a colonização, liberdade de expressão, cultura da ignorância, falta de direito das mulheres”.
Neli Pereira considera que ”importante para esta democracia, foi o facto de a revolução de Abril trazer às mulheres, finalmente, o direito de voto e consagrar a igualdade entre mulheres e homens”. Porém, “as mulheres são hoje mais qualificadas do que os homens e dominam importantes áreas do saber, mas continuam a ser uma minoria nas funções executivas e nos cargos de topo do Estado e da Administração Pública. A desigualdade entre homens e mulheres continua e os números do poder democrático e da Administração Pública são prova disso”, acrescentou, ao mesmo tempo que colocava à Assembleia uma questão pertinente: “Quantas vereadoras tem a maioria que governa a Covilhã, até onde chegará a resistência conservadora à paridade entre as mulheres e homens?”.
Já a eleita do CDS/PP considera que “ nestas comemorações não podemos cair num certo discurso radical de esquerda, pois os valores falhados do PREC, ameaçam em voltar”. “Não fazemos vénias aos que se consideram proprietários do 25 de Abril”, comentou. Isilda Barata diz que “é urgente avançar para a construção da nova barragem das Penhas da Saúde, uma vez que essa obra é fundamental para a nossa região”.
Reis Silva, líder da bancada da CDU, começou a sua intervenção por referir o preâmbulo da Constituição da República: “A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Força Amadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.” “O projecto libertador de Abril mantém toda a sua actualidade de um verdadeiro projecto politico de progresso social e económico de justiça social, a dramática realidade que hoje vivem os portugueses é precisamente resultado do abandono desse projecto de sociedade que Abril” defendeu. Referiu ainda os "escândalos quase diários", protagonizados por quem "nos tem desgovernado nos últimos 35 anos processos poucos transparentes, com intervenção directa dos que nos governam e dos que já nos governaram". Abordou também a questão dos chorudos ordenados e prémios, "dos que defenderam no governo e aprovaram a privatização de empresas e hoje fora do governo estão no conselho de administração dessas empresas". Criticou "as políticas sociais na Câmara", que “decide mal, políticas sociais incorrectas não têm ajudado a população do concelho”, dando como exemplo as refeições a um euro apenas servidas na cidade da Covilhã, o aumento da factura da água, na perspectiva de assegurar o lucro ao parceiro privado da ADC, a privatização de 49% da ADC, que segundo ele “é exemplo claro de privatização do serviço publico que não beneficia o serviço público e os utentes”.
A seguir, teve lugar a intervenção de Hélio Fazendeiro, líder da bancada do PS, o qual começou por dizer que “a revolução dos cravos é o momento a partir do qual ganhámos o direito que permite estar aqui hoje perante vós, o direito à liberdade de expressão. Seria impensável não poder conversar abertamente sobre qualquer assunto e limitar-nos a aceitar a opinião e as decisões de quem se achava dono de um país.” Tal como na intervenção anterior, também este criticou a privatização da Águas da Covilhã, “o resultado está hoje à vista, e é sentido por todos os cidadãos: cada vez que no final do mês chega a factura da água para pagar, os covilhanenses pagam uma das facturas mais caras de água da região. Este não é seguramente um bom exemplo dos valores de Abril nem da preservação da qualidade da nossa democracia”. Abordou ainda o tema da paridade na Câmara da Covilhã, onde existe apenas uma única vereadora, por sinal do PS. Defendeu a reconstrução e reabilitação do centro histórico em detrimento de novas construções, e a promoção do debate, dando voz aos comerciantes e utilizadores, na questão do mercado municipal.
A encerrar a participação partidária, esteve Bernardino Gata, da bancada do PSD, o qual declarou que o 25 de Abril “foi uma admirável revolução que existiu na Europa, porque foi generosa nos seus propósitos, três propósitos, dos três D’s -- Descolonização, Democracia e Desenvolvimento”. Na sua intervenção falou do estado da democracia actual em Portugal. "Há que questionar a qualidade da democracia, não devemos estar satisfeitos com o estado da educação em Portugal, com o estado da justiça, que é uma justiça para os poderosos e outra para os carenciados.” Comentou o centralismo do poder, que "gasta à deriva fora, nos grandes projectos faraónicos nacionais, esquecendo o interior".
Foi chegada a vez do discurso do Presidente da autarquia, Carlos Pinto, abordando o tema do 25 de Abril dizendo que “é uma data de liberdade e como tal a Câmara Municipal habitou os covilhanenses a celebrar esta data afirmando esse valor supremo da liberdade”. Fez a análise da situação do país, que segundo ele “está nas mãos dos credores internacionais”. Os portugueses estão novamente a emigrar, o desemprego é cada vez maior. Sublinhou a questão do cartão do partido, “se tens o cartão do partido do governo vais para aquele lugar” mostrando-se preocupado com este facto, alertando que “é este o sinal que estamos a dar à Juventude, fazendo lembrar os tempos do antes do 25 de Abril”. Criticou "a centralização a todos os níveis, e o fracasso das ajudas comunitárias, por parte do governo central", afirmando que apesar disso”no concelho tentamos remar contra a maré”. Congratulou-se com as mensagens de felicitação que recebe de todo o pais por uma cidade do interior poder acolher a selecção nacional.
Por último acrescentou que “o governo do País não tem apoiado o município, não tem cartão, não é apoiado”. "O concelho da Covilhã foi um dos poucos do País que se candidataram ao Programa Operacional Valorização do Território, como é o caso da barragem das Penhas, a recuperação do Teatro Cine e da variante à serra, e não recebeu nenhum apoio", lamentou.
A encerrar a Assembleia esteve o seu Presidente, Carlos Abreu, que começou o seu discurso afirmando que “o melhor modo para comemorar o 36.º aniversário do 25 de Abril é junto do povo anónimo”. Carlos Abreu considerou que o poder local também foi uma das grandes vitórias do 25 de Abril, mas que "o poder central ignora a realidade do país, do concelho". Quanto a isso defendeu que “da nossa parte não baixamos os braços, trabalhamos para termos um concelho com melhores infra-estruturas, mais e melhor educação, saúde, justiça, emprego, apoios sociais, e qualidade de vida para as nossas famílias -- são estes os modos que encontramos para comemorar Abril”. Acabou a sua intervenção com uma saudação especial aos capitães de Abril.