Os seminários no âmbito do segundo ciclo em Design Industrial Tecnológico, organizados pelos professores Denis Coelho e Abílio Silva, contaram desta vez com a presença da docente da Escola Superior de Arte e Design (ESAD) de Matosinhos, formadora, conferencista e moderadora, a alemã Katja Tschimmel. Aquela especialista vive há vinte anos em Portugal, é licenciada em Design na mesma instituição que é professora, e é mestre em criatividade pela Universidade de Santiago e Compostela. Criou recentemente um projecto solidário juntamente com dois colegas na área de criação de ideias.
Na sua exposição Katja Tschimmel começou por definir a originalidade como “algo diferente daquilo que já se conhece”, «os produtos são o resultado de uma ideia criativa e inovadora dos indivíduos, que marcam a diferença -- embora nada seja completamente novo, pois não se pode criar sem se ter algo na memória. Só podemos pensar naquilo que já conhecemos. As ideias novas surgem sempre daquilo que já existe, coisas diferentes que provêm de experiências.»
Na sua intervenção, a professora explicou aos alunos o que é um designer. «É alguém que tem uma personalidade invulgar; é curioso e aberto a novas ideias. São pessoas que se emocionam e entusiasmam, e procuram novos conhecimentos, investem por norma muito tempo no trabalho e energia; aceitam os erros e contradições, pois é preciso errar para aprender; e são corajosos não tendo medo de arriscar.»
Quanto ao “pensamento” de um designer, contou que «o designer pensa em alternativas e possibilidades; contradiz estereótipos; relaciona diferentes elementos do conhecimento; experimenta de forma lúcida; e visualiza novas ideias.» Salientou também os procedimentos cognitivos do pensamento criativo que passam por cinco aspectos: “A percepção – procurar nuances e ver o que os outros não vêm, com todos os cinco sentidos; a análise – seleccionar, examinar, comparar novas versões; a síntese – integrar diversos dados numa forma, compor, combinar de uma nova maneira; as associações – ligar ideias, informações, e conceitos, procurar semelhanças e contrastes; as analogias – transferir de outros mundos e outras áreas de conhecimento, forçar relações”.
A oradora desenvolveu ainda alguns pontos importantes para os alunos “educarem a criatividade no ensino do design”, tais como: “Identificar as condições e atitudes para a emergência da criatividade; contribuir para o desenvolvimento de personalidades complexas; sensibilizar a percepção com todos os sentidos; e incentivar a reflexão e o treino das habilidades do pensamento criativo”.
A convidada realçou igualmente a importância de ambientes estéticos e psicológicos que motivam a criação de algo novo, assim como o trabalho em equipa, considerando algumas das medidas que devem ser tomadas para melhorar a criatividade, tais como: Incentivar o trabalho de equipas interdisciplinares e multiculturais; treinar várias técnicas de visualizações de ideias; conceber métodos, criar; reflectir sobre processos vividos.
Katja Tschimmel terminou a sua exposição afirmando que «o ensino do design deve educar os pensadores, e que o essencial é ter várias áreas nos laboratórios de criatividade. Tudo que é diferente serve para desenvolver a capacidade do pensamento da reflexão, que é o que uma Universidade pretende, embora a criatividade seja do departamento de engenharia.»
Rui Miguel, professor de Design de Moda que assistiu à conferência é de opinião que «é muito interessante para desenvolver a criatividade nos alunos, pois precisamos de promover a associação e relacionamento de todas as áreas, para que possamos ser mais criativos ou pelo menos que haja resultados originais e inovadores que são fundamentais, e a UBI está no caminho certo com este tipo de iniciativa.”
Em relação ao aspecto de se falar de criatividade no design e não em engenharia, o professor Denis Coelho declarou que “acho útil, seja em qualquer pólo, pois qualquer actividade em que haja projecto, concessão e delineamento, e em que se procure inovação, baseia-se em parte na criatividade”.
José Carlos, aluno do 3º ano de Design Industrial, acrescenta que esta intervenção “serve para estimular o nosso pensamento. Basta estar aqui com uma professora de outro instituto, que veio da Alemanha, pois todas as vivencias são uma mais-valia para se criar coisas novas, novas metodologias e maneiras de pensar.”
Katja Tschimmel vai defender a sua tese de Doutoramento em Design na Universidade de Aveiro em Maio, um trabalho que trata essencialmente do pensamento criativo. Esta iniciativa era dirigida, no início, apenas aos alunos de mestrado em Design Industrial, acabando depois por participar todos os alunos do curso.