O telemóvel há muito que deixou de ser um objecto acessível a poucos. Cada vez mais, o pequeno aparelho está disseminado pela população e é utilizado por todos. Mas, também já há algum tempo que estes aparelhos têm outras aplicações que vão muito além da simples chamada telefónica. O acesso à Internet, o envio de SMS’s, a recolha de imagens e vídeos, são alguns exemplos.
Foi a pensar em tudo isto que Nuno Pombo, aluno de doutoramento em Engenharia Informática da UBI, teve a ideia de desenvolver um programa para telemóveis que sirva de apoio em acompanhamento médico a doentes crónicos. O “Doctor Mobile” pretende ser uma forma de registar a dor crónica, analisá-la e dar resposta aos doentes. No trabalho que está a ser desenvolvido, Nuno Pombo explora esta área em duas fases. Uma delas, “que está já terminada”, passa por uma simples aplicação informática que pode ser instalada em todos os telemóveis. É precisamente esta simplicidade e fácil utilização “que também distingue este projecto de outros semelhantes”, garante o autor. Este sistema apresenta ao utilizador uma escala numérica na qual poderá indicar “um nível de dor que sente num determinado momento”. Quer a mensagem enviada para o paciente, quer depois a resposta deste “é controlada por uma base de dados”. É precisamente essa base de dados que “irá depois proceder aos passos seguintes”. O autor refere que, “se o clínico indicar que o paciente terá de tomar um certo medicamento caso registe um nível de dor número cinco (numa escala de zero a dez), por exemplo, a base de dados irá enviar essa indicação ao paciente, caso este seja o número que o mesmo devolveu no seu questionário de dor”. Tudo isto sem intervenção do clínico. Para além disto, “caso seja um valor superior, o clínico pode logo ser avisado também através de uma mensagem para o seu telemóvel, que aquele determinado paciente está com dores elevadas e necessita de cuidados médicos específicos”.
Todo este sistema funciona como uma ponte entre os doentes crónicos e os médicos. Para os pacientes, esta é uma forma de acompanhamento médico sem a necessidade de estarem sempre a dirigir-se às estruturas hospitalares, mas também de estarem sempre vigiados e em contacto com um responsável clínico, se for necessário. Nuno Pombo esclarece também que todos os dados são processados numa base informática que poderá também fazer historiais clínicos e dar apoio a estudos sobre a dor. Um campo clínico “que ainda está pouco explorado”.
Todo o sistema apresenta diversas inovações. Desde a simplicidade, à interligação dos utilizadores, à aplicação de novas formas de vigilância e acompanhamento clínicos, são muitas as vantagens da nova ferramenta. Para além da área informática, a parte clínica está também a ser desenvolvida. Segundo o aluno de doutoramento da UBI, “dentro em breve um conjunto de aproximadamente 20 pacientes vão servir para testar os protótipos”.
Nuno Pombo mostra-se confiante nesta aplicação que irá estar incluída na sua tese de doutoramento. A finalização do estudo científico e a conclusão quer da aplicação informática, quer da sua ligação a uma base de dados e técnicos de saúde são passos que podem coincidir com a comercialização do “Doctor Mobile”. A tese é coordenada por Joaquim Viana, professor na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI e por Pedro Araújo, professor no Departamento de Informática da mesma instituição.