Criado em 1995, o Prémio da Rede Eléctrica Nacional (REN) pretende distinguir trabalhos académicos de excelência tecnológica. Desde que foi instituído, apenas alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e estudantes do Instituto Superior Técnico de Lisboa conseguiram ver os seus trabalhos reconhecidos. Este ano, o júri analisou centenas de teses de mestrado realizadas entre 2008 e 2009, que estavam a concurso, e distinguiu o trabalho de um aluno da UBI.
Hugo Pousinho ficou em quinto lugar deste concurso com a sua dissertação de mestrado, intitulada “Nova metodologia de optimização da exploração de recursos hídricos: programação não linear inteira mista”. Apenas os seis primeiros classificados têm direito a menções e prémios.
O autor do trabalho conseguiu desenvolver um software específico para um melhor aproveitamento do caudal de uma barragem, quando este se destina à produção de energia eléctrica. “Este é um projecto que tende a optimizar a energia produzida por uma cascata hídrica. O interessante é que foi aplicado a dados reais do caudal do Rio Douro e com o programa informático consegui gerir resultados, analisar caudais e equipamentos, tudo com o objectivo de optimizar os recursos e a energia produzida”, explica Hugo Pousinho.
Esta nova ferramenta permite um melhor aproveitamento da energia produzida por uma barragem. Mas está também pensada para dar resposta a novas construções que possam vir a ser feitas por privados. O autor da tese começa por lembrar que “dada a importância da energia eléctrica, este sector foi sujeito a uma reestruturação, na medida em que houve a oportunidade de um significativo número de empresas privadas produzirem a sua própria energia. Em consequência das directivas comunitárias, este sector também sofreu uma liberalização, isto para aumentar a competitividade da economia e melhorar a eficiência das cadeias energéticas”.
Todo este conjunto de factores veio criar a necessidade de um bom sistema operacional de gestão de energia eléctrica para poder, de alguma forma, “haver uma maior racionalização, por parte das empresas, na optimização dos recursos hídricos”, acrescenta.
Com Portugal a apostar significativamente nas energias renováveis, Hugo Pousinho lembra que “energia hídrica é claramente uma das mais importantes, porque permite reduzir a dependência dos recursos energéticos endógenos ou exteriores e também porque, a central hídrica é a única que consegue responder de uma forma imediata à ocorrência de avarias, assegurando variações na carga”. Os resultados vão agora passar a ser utilizados para uma melhor resposta de algumas barragens, na produção energética.
Hugo Pousinho frequenta actualmente um doutoramento na área da energia eléctrica que tem como base a análise dos sistemas de aproveitamento de energia eólica. “A ideia é fazer a parte hídrica, em combinação com a eólica e conseguir um sistema optimizado para estas duas fontes de energia”, sublinha.
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