Uma “maternidade natural” e um “parto mais humanizado” são o que pretendem as doulas quando intervêm num parto, cumprindo sempre os objectivos da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A doula tem formação na área da saúde da maternidade, e ajuda a futura mãe desde os primeiros passos, acompanhando a gravidez antes e após o parto. Mas “quem faz o parto é a mãe” acrescenta a doula Sofia Costa, que esteve pela segunda vez na loja “Ponto já” no dia 7 de Abril. As doulas apenas “esclarecem as mães com terapias alternativas, informando e encaminhando as futuras mães”, sempre acompanhadas em todo o processo de gravidez.
Desde a alimentação às emoções, tudo deve ser cuidado, pois as futuras mães não devem aderir a uma atitude de desleixo. «Estar grávida não é desculpa para comer tudo que se quer, porque se vai engordar de qualquer maneira. Tudo que comemos o bebé come também, havendo bebés que nascem já com problemas de obesidade. O que nós sentimos, o bebé sente de igual modo. Gravidez é desculpa sim mas para estar bem, deixando os problemas para os outros, tentando irritar-se o menos possível, escolhendo sempre uma atitude positiva».
Estar calma e ter um suporte físico é muito importante. “O toque por exemplo, é um gesto que se perdeu na nossa sociedade, ao qual não se dá hoje grande relevância” afirma Sofia Costa. O trabalho emocional é grande para se preparar um parto melhor e menos doloroso, pois como afirmou a doula “não se apaga de ânimo leve o que se ouve desde que nascemos, o horror que ouvimos há 20 ou 30 anos”.
A oradora convidada apresentou alguns conselhos às futuras mães, tais como a grávida ter visualizações de como quer o seu parto, imaginando uma coisa suave. A meditação, a dança do ventre, o yoga, podem ser métodos excelentes pelas endorfinas que libertam, assim como o estado que calma que provocam. Embora a prática de qualquer exercício seja positiva, “estes em específico têm resultados excelentes na gravidez”, acrescentou.
A importância de um lugar seguro, tranquilo e calmo durante o parto, com pouco luz e o menos gente possível é considerável para a grávida conseguir relaxar, pois “o parto deve ser como fazer amor”. Após obtida a tranquilidade e a calma necessárias resulta a libertação de endorfinas para um parto “com menos dor e mais prazer, o que nem sempre é possível nos partos hospitalares, embora já se comecem a praticar partos naturais nestes locais”, sustentou a doula.
Segundo as doulas, há cinco necessidades básicas no trabalho de parto: o silêncio; luz fraca; privacidade; segurança e conforto térmico (25º a 26º). Os diversos procedimentos hospitalares tomados normalmente em situações de partos provocam nas grávidas tensão e desconforto, alguns completamente contra os princípios da Organização Mundial da Saúde. Desde o soro, que proíbe a mulher de comer e beber, à rapidez com que procura fazer o parto o mais depressa possível, acabam por provocar um estado de ansiedade e adrenalina que pode parar o trabalho de parto. Um bebé pode demorar mais de três dias a nascer, mesmo depois de a grávida entrar em trabalho de parto. Defendeu ainda que “o nosso corpo está preparado, somos feitas para parir! É só dar-lhe o tempo que necessita”.
Em relação a questão da segurança, garante que em vários estudos realizados se verificou que é tão ou mais seguro parir em casa como no hospital. “O parto natural é seguro, e o enfermeiro obstetra assistente tem capacidade para socorrer a mãe em qualquer necessidade ou imprevisto. As grandes diferenças são os procedimentos hospitalares”.
Concluindo o esclarecimento, a doula salientou que a amamentação é muito importante para o recém-nascido, como também para a mãe. Comentando o problema que as mães colocam sobre não terem “bom leite para o bebé” referiu que “não há leite fraco, todo o leite da mãe é bom e o bebé nasce já a saber mamar”. O bebé não deve ingerir qualquer outro alimento até aos seis meses, e pode mamar até aos dois anos no mínimo, embora ele próprio saiba quando deve parar. “Além de ser um acto de amor, e dos nossos filhos precisarem de amor e muito carinho das mães, não é por isso que serão mimados, basta saber dizer não! Não confundindo amor com educação”.
Depois da notícia que prevê o fecho de uma das maternidades, Covilhã ou Castelo Branco, o parto natural pode ser uma alternativa e uma mais-valia.