Despertar os alunos para a investigação dos docentes, de antigos alunos e ainda para a investigação realizada ao nível dos 2ºs e 3ºs ciclos do departamento de Sociologia da UBI foi o principal objectivo da conferência de Nuno Augusto que teve lugar no dia 7 de Abril no Pólo Ernesto Cruz.
“Juventude e política em Portugal” foi o tema da palestra conduzida pelo orador Nuno Miguel Augusto, docente e presidente do Departamento de Sociologia da UBI, que tentou fazer com que os presentes reflectissem «em torno do papel das gerações na mudança política».
“Os jovens vivem a política em Portugal de um modo diferente daquele que se vivia na altura do 25 de Abril de 1974”. A mais nova geração de jovens vive “socializada num contexto diferente do dos pais”, a ideia é defendida por Miguel Augusto que argumenta ainda que estes estão inseridos num local onde o “sistema político partidário está consolidado”, ao contrário da geração dos seus tutores. “Vive-se um contexto internacional menos marcado pela Guerra Fria”, salienta.
A vivência numa democracia e a evolução das habilitações escolares «explicam o fraco interesse dos jovens de hoje em relação à política». Estes dois factores reflectem os seus efeitos na política, como sejam a redução da confiança nas instituições políticas e nos líderes, a procura de um discurso político ideologicamente mais afirmado/comprometido, e uma menor dependência dos líderes, que se explica com o aumento dos anos de estudo.
Para muitos dos interessados na vida política a religião é um factor a ter em conta. O orador considera que “a religião passou a ser um elemento central na escolha de esquerda ou direita”. De acordo com o investigador “os que se afastam mais para a direita são aqueles que tendem mais a privilegiar a ordem, e os que se afastam mais para a esquerda são os que tomam uma posição mais associada à liberdade de expressão, a atitudes libertárias”.
A emergência da nova geração que levou ao aparecimento de uma nova agenda política/ideológica reflecte novos conflitos: liberdade versus autoridade, liberdade individual versus conservadorismo moral e descrença nas instituições, bem como nas elites políticas, defendeu Nuno Augusto.
Mobilização, envolvimento, competência e participação são os critérios a ter em conta quando se pretende determinar se uma pessoa “é mais política que outra”.