Aos microfones da Rádio Cova da Beira, Alzira Serrasqueiro, governadora civil de Castelo Branco, diz que uma das duas maternidades (Covilhã ou Castelo Branco) deve encerrar.
Uma posição que veio já trazer à discussão um dos temas que mais tem dividido a região. Na entrevista concedida àquela rádio, Serrasqueiro começa por dizer que “já não possível tapar o Sol com a peneira”. Daí que a decisão sobre o encerramento de uma das duas maternidades tenha de ser tomada “o mais brevemente possível”. Segundo os números do Ministério da Saúde só existem partos suficientes para manter uma das duas maternidades em funcionamento. A discussão começou assim que o anterior governo, também chefiado por José Sócrates, optou por encerrar as maternidades com menos de 1500 partos por ano. Mas na região foi aberta uma ressalva e as maternidades da Covilhã e de Castelo Branco - nenhuma atinge o número mínimo de partos -, continuaram em funcionamento.
Alzira Serraqueiro sublinha agora que os responsáveis pelo Centro Hospitalar da Cova da Beira e pela Unidade Local de Saúde de Castelo Branco têm de decidir qual das maternidades deixa de funcionar. Isto “sob pena de assistirmos a um retrocesso nos excelentes resultados que temos no que diz respeito aos números da mortalidade infantil”, acrescenta a mesma.
Sem nunca avançar com uma resposta efectiva, a responsável política apenas diz que de entre as duas, uma das maternidades irá ter de ser encerrada. “Não é possível continuarem a funcionar duas maternidades no distrito, porque não há especialistas para isso”, remata. A governadora civil, sem avançar com pormenores técnicos ou pareceres de profissionais da área diz apenas que esta decisão deve surgir “por uma vontade política” seguida por “decisões tecnicamente correctas e sem bairrismos exacerbados”.
Até ao momento, o Partido Comunista Português foi o único a reagir às afirmações da responsável nomeada por José Sócrates.
Os membros da direcção regional do PCP repudiaram já as declarações de Serrasqueiro. Segundo esta força política, “o governo PS, e os seus representantes nos Governos Civis, a modernidade e o avanço para o futuro é voltar à realidade do passado em que não existiam os cuidados de saúde que hoje existem, ou seja em que as mulheres tinham que ter os filhos em casa ou a caminho do hospital”. No entender dos comunistas, ao contrário do que diz a governadora civil, a decisão não deveria ser passada para os profissionais de saúde, até porque, “o encerramento de uma maternidade é uma decisão unicamente política e vem na sequência de uma opção do governo de desinvestimento nos serviços públicos”. Por isso mesmo, “o Governo deve assumir as responsabilidades desta medida lesiva dos interesses das populações e da região”, sublinham os membros do PCP.