Os preparativos para o domingo de Páscoa começaram alguns dias antes da festa da ressurreição de Jesus Cristo. Os fornos foram bem aquecidos com carqueja para receber o folar e a tradicional bôla de carne.
No domingo anterior à Páscoa comemora-se o Domingo de Ramos. Dá-se inicio à Semana Santa e celebra-se a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém. As pessoas vão à missa e levam os seus ramos. Loureiro, salva, alecrim e oliveira, são algumas das plantas que compõem o ramo para a madrinha. Para os embelezar há quem coloque umas flores.
Nestas épocas festivas os imigrantes regressam à sua terra natal para estar com a família e comemorar a Páscoa. Nas bagagens trazem muitas amêndoas e ovos de chocolate para os mais novos. Para os mais crescidos o costume é oferecer o folar.
Com o passar dos anos são cada vez menos as pessoas que vão às igrejas. No entanto, na Sexta-feira Santa é tradição ir à igreja para assistir à missa da Adoração da Cruz. Em Fontelo, a via-sacra percorreu as ruas da vila até ao Monte de São Domingos.
No sábado, a população celebrou a Bênção da Água. Cada um levou um jarro de água de casa e despejou-o numa grande bacia junto à pia baptismal. No final da bênção voltaram a encher os jarros para levar a água para casa. Paula Costa diz que “é sempre bom ter um pouco de água benta em casa, é uma água que não se estraga”.
Para receber o compasso pascal as casas são limpas e arranjadas. Lavam-se as cortinas e as carpetes. Há até quem aproveite para pintar as paredes, “ficam sempre com outro aspecto”. Para receber o padre e os seus acompanhantes, é tradição fazer tapetes com heras para pôr na entrada das casas.
Depois do jejum, manda a tradição que no domingo de Páscoa se coma uma boa carne assada. Paula Costa cumpriu o costume e levou ao forno um cabrito com batatas e arroz. “Quase todos os anos comemos cabrito, é um prato do agrado de todos, é por isso uma tradição que não queremos perder” esclarece.
Depois de três dias no sepulcro, Jesus Cristo ressuscitou. As famílias foram à missa de Páscoa e ouviram o Aleluia. Quando foram para casa prepararam as mesas para receber o compasso. Umas mais recheadas que outras, mas o que não pode mesmo faltar é o crucifixo, a laranja, o folar, as amêndoas e uma jarra com flores.
Ao longe ouvem-se as campainhas. As pessoas vão abrindo as portas das suas casas e entra o compasso dizendo: “Aleluia”. A família beija o crucifixo e o padre deseja uma boa Páscoa para todos.