Figuras bíblicas em tamanho real alusivas à paixão de Cristo estiveram expostas na igreja do Seminário Maior de Viseu entre 19 de Março e 3 de Abril. Na exposição os visitantes podiam apreciar a beleza das esculturas, que levaram cerca de dois meses de trabalho. Todos os pormenores foram estudados, desde o vestuário, ao calçado, aos cabelos, passando pela posição que cada personagem ocupa e pela altura de cada uma à escala real.
Pasteleiros de várias nacionalidades, da Bélgica, Japão, Brasil, Itália, Portugal e Espanha, deram forma a oito figuras bíblicas esculpidas em chocolate. Com uma altura entre os 1,70 e 1,80 metros, as imagens tornaram-se muito reais. Para este trabalho foram necessários dois mil quilos de chocolate.
A ideia para a concretização deste projecto surgiu há cerca de um ano. José Ferreira, proprietário da confeitaria Amaral em Viseu, juntamente com o seu colega Osvaldo Piuza, pasteleiro, idealizaram esta iniciativa. A via-sacra de Lourdes, França, serviu de inspiração para o projecto. Inicialmente esculpiram pequenas figuras partindo mais tarde para grandes blocos de chocolate. “Viseu é uma cidade que vive muito a Páscoa e daí surgiu a ideia de fazer algo relacionado com a via-sacra”, esclareceu José Ferreira.
“A Paixão de Cristo pela arte do chocolate” é composta por oito figuras bíblicas: o Fariseu, Maria Madalena, Virgem, São José, dois Soldados e Jesus crucificado, e ainda por três cruzes de 2,20 de altura por 1,5 de largura. Para a conservação destas esculturas é necessária uma temperatura ambiente entre os 18 e os 20 graus. De acordo com José Ferreira “dentro destes valores as figuras podem durar uma vida”.
Todas as figuras são em chocolate negro, à excepção de Jesus que é em chocolate branco. O “sangue” foi feito com corante alimentar vermelho, pintado com uma pistola de pasteleiro. “Para além de querermos mostrar às pessoas a versatilidade do chocolate branco, foi também para dar mais realce à exposição, visto que Jesus é a personagem principal da via-sacra” refere José Ferreira.
Para a construção desta cena bíblica, o chocolate foi fundido entre 45/50 graus e arrefecido até aos 29/31 graus. As figuras têm traços que se aproximam tanto do real que “há pessoas que choram ao ver o sentimento que as expressões das personagens transmitem”.
Durante a exposição os visitantes puderam apreciar Filipe Vaz, mestre em pastelaria, a trabalhar o chocolate, e ainda saborear o chocolate com que as figuras bíblicas foram construídas. Neste momento as imagens encontram-se guardadas num espaço provisório para que possam ser vistas fora da época pascal. Mais tarde serão expostas no Museu do Açúcar em Viseu, um projecto único no mundo, também da autoria de José Ferreira e Osvaldo Piuza.