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A Páscoa no sul do Brasil
Juliana Gelatti (Correspondente no Brasil - Rio Grande do Sul) · quarta, 7 de abril de 2010 · Internacional A pluralidade cultural do Brasil faz com que a época da Páscoa seja comemorada de diferentes maneiras pelo país. A região Sul traz influências de diferentes povos europeus num ambiente propício ao sincretismo. |
Encenação da Paixão de Cristo e da Santa Ceia na Igreja N. Sr.ª das Dores em Santa Maria, Rio Grande do Sul.(foto de Ernesto Kubota) |
21961 visitas A Páscoa no sul do Brasil tem suas peculiaridades em relação ao resto do país. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foram povoados principalmente por alemães, italianos e polacos, e por isso essas influências culturais misturam-se ao que veio da antiga metrópole, Portugal. Na região sul brasileira, a cidade mais procurada pelos turistas nos dias de Páscoa é Gramado, na Serra Gaúcha. A localidade foi escolhida pelos imigrantes alemães em função da semelhança da paisagem e do clima e a pequena cidade tornou-se famosa pelas muitas fábricas de chocolate, tanto industriais quanto artesanais. No sábado de Aleluia, desfilam pela avenida carros alegóricos com imagens sacras na Procissão dos Passos para celebrar a Ressurreição de Jesus. Já no Paraná, a colonização polaca deixou suas marcas. O Bosque do Papa, em Curitiba, que reconstitui uma tradicional colônia polaca, todos os anos é palco de cerimônias de bênção dos alimentos a serem consumidos durante a semana santa. Também são expostos objetos tradicionais trazidos pelos imigrantes, como os ovos de galinha pintados à mão, que deram lugar aos ovos de chocolate nos dias de hoje. A exemplo dos descendentes de portugueses e espanhóis, as pessoas de origem italiana cultivam principalmente o sentido religioso que a Páscoa tem para os católicos. Em todas as igrejas o caminho de Jesus Cristo até o Calvário é lembrado com novenas, oração da Via-Sacra e procissões. A Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, é formada principalmente por descendentes de italianos e é um retrato fiel da Páscoa para os católicos. No dia 28 de março, domingo de Ramos, as pessoas levam ramos de palma, oliveira e louro para serem abençoados na Igreja relembrando a chegada de Jesus a Jerusalém. Durante a semana é rezada diariamente a oração da Via Crucis dentro da Igreja. Na quinta-feira Santa, como de costume, durante a Missa é encenado o episódio da Santa Ceia e o lava-pés, em que o sacerdote representa Cristo e homens da comunidade, os discípulos. Na sexta-feira da Paixão, logo de manhã, muitas comunidades percorrem as 14 estações da Via-Sacra em estradas do interior, normalmente subindo montanhas, a fim de prestarem penitência. É também costume não comer carne vermelha nesse dia, por isso adotam-se pratos feitos com peixe. Algumas pessoas, sobretudo as mais antigas, guardam o costume de não profanar o dia santo com brigas, trabalho e festas. No sábado de Aleluia à noite é comemorada a ressurreição de Jesus Cristo com encenação durante a Missa. No dia seguinte, ovos de chocolate aparecem em ninhos de palha escondidos pela casa como se o coelhinho da Páscoa tivesse deixado para as crianças. |