Se alguém lhe disser que uma ideia sua vale dinheiro, acredite. Filipe Casimiro e Francisco Duarte, dois licenciados em Engenharia Electromecânica pela UBI, de certeza que vão consolidar a afirmação e acrescentá-la com “uma ideia vale mesmo muito dinheiro”.
O primeiro concurso de ideias, promovido pelo Gabinete de Apoio a Projectos e Investigação (GAPI) da universidade covilhanense, premiou a inovação destes dois recém-licenciados com um cheque de três mil euros. Filipe e Francisco voltaram à Covilhã para apresentarem o seu mosaico amigo do ambiente. Trabalharam num projecto semelhante ao agora tornado público ainda quando frequentavam a licenciatura em Engenharia Electromecânica, na UBI. Um projecto apoiado por docente e pelo departamento que ministra este curso tinha como objectivo aproveitar a energia que se gera com o peso das pessoas ao passarem sobre o solo.
Passados alguns meses, e a pensarem no concurso de ideias promovido pelo GAPI decidem reformular a ideia inicial e concorrer com um mosaico melhorado. Um passo que para além de mais energia trouxe mais dinheiro e sobretudo “um grande reconhecimento do nosso trabalho” garante os dois autores. Apresentaram um pavimento sustentável para produção e captação de energia eléctrica através de fontes alternativas e renováveis. Um piso que permite produz energia eléctrica a partir da passagem das pessoas e também através da luz solar. “Foi um desafio muito grande porque muitos dos componentes e dos seus sistemas são inovadores. Para além disso tivemos de adaptar componentes para este tipo de utensílios”. A ideia é de tal forma inovadora que muita da tecnologia vai agora ser patenteada pelos autores.
Para além disso, outro grande desafio “passou também por verificar componentes na prática, uma vez que estávamos a fazer algo novo e no projecto funciona muito bem, mas na prática acaba por mostrar-se com alguns problemas”.
Para os dois engenheiros formados na UBI “este tipo de concurso assume-se desafiante. Mesmo depois de termos terminado os nossos estudos continuámos com alguns projectos tendo em vista produção de algo para o mercado”. Uma das grandes lições que levaram da universidade covilhanense passou por isso mesmo, por ter na ideia de que “só com a participação se chega a novas ideias”. O grande objectivo de Casimiro e Francisco Duarte é passar agora à produção e “lançar esta novidade no mercado”. Os três mil euros do primeiro prémio vão ser gastos “no pagamento do protótipo e de patentes”. “Há que investir para melhorar”, reiteram.
Um discurso que se encaixa perfeitamente nos objectivos da iniciativa. Ana Paula Duarte, vice-reitora da UBI e responsável pelo GAPI, sublinha precisamente que “este tipo de evento funciona como uma mostra do que se faz na academia e das potencialidades desta”. A responsável espera alcançar, nas próximas edições “uma plataforma que funcione como montra de toda a produção académica, em termos de empreendedorismo, de investigação e de transferência de tecnologia”.
Este foi um concurso de ideias, que na sua maioria surgiram de alunos, apoiados por professores. Mas houve também espaço para iniciativas apenas de docentes ou de pessoas exteriores à instituição.
“Um dos critérios que mais foi levado em linha de conta foi o da capacidade de passar da teoria à prática, também no sentido de transferência de tecnologia”, acrescenta a vice-reitora. Muito do que foi apresentado na UBI responde a distintas necessidades de mercado ou está pronto a ser produzido, passando ao negócio e à comercialização.
A intenção é evoluir para mais eventos presentes, sublinha Ana Paula Duarte. O vencedor vai agora representar a UBI em termos nacionais, num concurso muito semelhante, onde vão estar em jogo todos os projectos apresentados nas universidades portuguesas e o vencedor desse mesmo concurso vai representar Portugal num desafio internacional.
Neste evento, o projecto do aluno de doutoramento em Engenharia Informática, Filipe Quinas, venceu o segundo lugar. “Blood pressure guardian” rendeu um cheque de dois mil euros ao seu autor. Também Madalena Sena, aluna de doutoramento em Ciências da Comunicação da UBI, recebeu o prémio empreendedorismo feminino, um cheque de 1500 euros, com o “Kokoon” um fato para recém-nascidos.
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