A iniciativa da Câmara da Covilhã contou, este mês, com a presença do presidente da Federação Espírita Portuguesa, Arnaldo Costeira que aderiu ao espiritismo em 1976 depois do 25 de Abril. Na sua intervenção, este coronel das Forças Armadas começa por esclarecer a confusão instalada entre espiritismo e ocultismo, dizendo que "o ocultismo, assim como a alquimia, era uma capa para esconder o mundo do além. No espiritismo tudo se conhece em absoluto, é tudo muito claro e objectivo, não é ocultismo." O espiritismo é a ciência que trata a natureza, da origem e destino dos espíritos e a sua relação com o mundo corporal.
O convidado, natural de Lamego, e prestigiado nos últimos quatro congressos nacionais realizados em Portugal, salientou ainda que existe nos dias de hoje a necessidade de saber de onde vimos, qual a nossa finalidade na terra e para onde vamos. "O espiritismo não é uma religião, é sim um conjunto de práticas, uma transformação na qual a grande orientação se baseia em não voltar a praticar o que se fez de errado. Estuda a origem de onde vêm as coisas." O lema é “fazer o que gostarias que te fizessem a ti”. O objectivo do espiritismo é ajudar a própria pessoa a libertar-se, instruindo e esclarecendo as pessoas, explicando esclarecidamente e racionalmente o que somos.
Arnaldo Costeira, concluiu a sua exposição dizendo que é preciso encarar a fé racionalmente, acreditando que "nós pagamos pelo que fazemos e é esta racionalidade que o espiritismo procura." No seu debate com os presentes explicou que a depressão é uma consequência do modo de vida que as pessoas levam nos dias de hoje.
Henrique Lourenço, também espírita e colega do coronel Arnaldo Costeira, referiu que a exposição foi clara e lúcida como todas. Acrescenta que o espiritismo "explica o porque é que as coisas acontecem, pois todos os efeitos têm uma causa. Nós somos os causadores de tudo que nos acontece, pois o espírito é sempre o mesmo, o que temos é várias roupagens".
A Câmara Municipal da Covilhã promove esta iniciativa há três anos consecutivos, todas as últimas quintas-feiras de cada mês, desta vez com excepção à quarta devido a motivos de agenda. A próxima sessão intitulada como “25 de Abril na Covilhã” conta com testemunhos vivos, pessoas que vivenciaram o 25 de Abril na Covilhã, com a presença de Adélia Mineiro.