A acção do homem sobre o meio ambiente tem provocado efeitos nefastos. A sujidade, a degradação e a contaminação atingem níveis tão altos que são muitas as espécies que acabam por morrer e extinguir-se para sempre.

Depois da ideia desenvolvida na Estónia em 2008, o projecto “Limpar Portugal” foi posto em prática no passado Sábado que antecedeu a Primavera e o Dia da Árvore. O dia ficou marcado pela chuva, mas nem esta impediu que os cerca de 300 voluntários da Covilhã concretizassem o seu objectivo, limpar as lixeiras ilegais do espaço florestal das suas freguesias.

Rosário Martins, coordenadora concelhia do projecto “Limpar Portugal” na Covilhã, sublinha que esta causa pretende “sensibilizar a comunidade para a necessidade de separação e recolha dos lixos”. Salienta ainda que “o ambiente necessita que cada um de nós desenvolva a liderança no que respeita à sua perseveração e conservação. Este gesto proporcionará qualidade de vida e um futuro melhor às próximas gerações ”, diz.

Promover a educação ambiental junto da comunidade, reflectir acerca da problemática do lixo, do desperdício, do ciclo de materiais e do crescimento sustentável são objectivos que fazem parte do projecto “Limpar Covilhã”, integrado no projecto “Limpar Portugal”.

Rosário Martins, explica que as lixeiras foram detectadas pelo Grupo do concelho da Covilhã e salienta que o início do projecto passou por dificuldades ao nível dos transportes destinados à recolha do lixo: “Não tivemos apoio imediato da Câmara, no entanto, após um conhecimento mais alargado do projecto, a Câmara Municipal da Covilhã tornou-se um pilar importante, uma vez que colocou à disposição contentores, camiões e retroescavadoras”, diz. No que toca aos transportes, a colaboração das Juntas de Freguesia e de voluntários particulares “também foi significativa e indispensável” como referiu a coordenadora concelhia do projecto.           

Embora nem todas as freguesias tenham aderido a esta iniciativa, foi graças ao movimento cívico e “boa vontade” das pessoas em regime de voluntariado que se pôs termo a muitas das lixeiras existentes no concelho.

Boidobra, Tortosendo e Dominguizo foram identificadas como sendo as áreas mais problemáticas em termos de lixo florestal e resíduos poluentes. Face à necessidade e à posição critica assinalada nestas áreas, o Tortosendo e o Dominguizo aliaram-se na luta contra o lixo. Ricardo Lino, coordenador do projecto no Dominguizo explica esta situação de parceria: “Uma vez que em cada área eram poucos os elementos para as elevadas proporções de lixo, unimos os voluntários das duas freguesias. Primeiro actuámos no Tortosendo e depois no Dominguizo”, diz.

Apesar de satisfeito com a parceria estabelecida, o responsável pela freguesia do Dominguizo refere que as condições atmosféricas provocaram algumas dificuldades quanto à mão-de-obra prevista. “Algumas das pessoas voluntariadas acabaram por não comparecer”, conta Ricardo Lino.

Para que as dificuldades não fossem acrescidas foram tomadas medidas ao nível da segurança. Foi aos coordenadores de cada freguesia que coube a responsabilidade de alertar as pessoas voluntárias quanto aos riscos e cuidados a ter.

Andrea Lourenço, voluntária no projecto “Limpar Covilhã” e coordenadora de certificação de lixeiras, mostra contentamento com a sua participação no evento, referindo que “vivemos este momento num ambiente muito agradável e com boa disposição. A atitude, a vontade e a dinâmica envolveu-nos a todos num mesmo espírito”, diz a voluntária.

Depois da remoção da maior parte das lixeiras localizadas procedeu-se à sua recolha nos “pontos pré definidos em cada freguesia”. Rosário Martins explicou que “uma rota de camiões ficou encarregue de levar entulho da construção civil e pneus para a Reciquintino, uma empresa de comércio de resíduos, sedeada em Inguias, freguesia do concelho de Belmonte. Os plásticos e toda a espécie de cartão foram dirigidos para a Regiestrela e empresa Mário Nogueira, responsáveis pela reciclagem e tratamento de todos os resíduos. Electrodomésticos como microondas e ferros de engomar serão entregues na Worten do Serra Shopping”.

Devido às condições climatéricas, os 200 escuteiros voluntários da Conceição, freguesia da Covilhã, não puderam comparecer nesta causa, no entanto Rosário Martins adianta que “estas crianças, com idades compreendidas entre os 6 e 12 anos apenas adiaram a actividade. Esta será posta em prática quando o tempo melhorar”.

*Fotografias de Miguel Santos