Dentro da organização do MOVE, que já vai na sua terceira edição, surgiu a ideia de criar pela primeira vez uma Tertúlia sobre moda, que decorresse em tom de conversa informal, com o intuito de reunir no mesmo espaço alunos, professores da UBI e outros convidados. Desta forma foi possível relacionar moda com arquitectura, cultura de consumo, vinhos e tecnologia.
A tertúlia que decorreu no passado dia 17 de Março no Núcleo Real Fábrica Veiga, do Museu de Lanifícios, pretendeu apresentar a perspectiva de convidados de outras áreas sobre os horizontes da moda, e contou ainda com a actuação da Desurtuna, Tuna Académica da UBI.
Rita Salvado, directora da Licenciatura em Design Moda, e membro da organização do evento explica o objectivo da Tertúlia: “Era pôr os presentes a reflectir em torno da moda, e colocar em diálogo professores, alunos, e outros convidados, para discutirmos e nos descobrirmos conversando todos juntos”.
A moderar a Tertúlia esteve Elsa Lima, docente de Design de Moda, que deu a palavra a vários professores da UBI. Júlio Londrim, Nuno Jerónimo, Miguel Santiago e a dois convidados de fora: João Carvalho e David Luxembourg. Todos os convidados cruzaram a moda com outras vertentes que tentaram relacionar ao tema.
Para a abertura da Tertúlia, Rui Miguel, Presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis, foi convidado a dirigir umas palavras à plateia: “Estamos todos à volta do Design de Moda, que é relativamente recente no departamento têxtil, pois tem dez anos. O departamento têxtil tem uma história muito mais antiga, que data de meados da década de 70 do século passado, e fez um trajecto muito importante em termos do que era a indústria têxtil e a indústria de lanifícios aqui na Covilhã e na região, mas também em todo o país”.
Rui Miguel fez um apelo à originalidade dos alunos elogiando o local escolhido para a Tertúlia: “Queremos que os nossos alunos consigam ser sempre criativos e inovadores, porque de facto é assim que se conseguem afirmar. Estamos num museu fantástico e isto respira o que é a cultura da lã, a cultura do têxtil e que merece tertúlias deste género para poder ser discutida e vista”. A docente Rita Salvado concorda com o valor do museu: “ O museu é nosso parceiro de sempre, é uma valência da UBI”.
“Temos a mania de pensar que tudo já existia como conhecemos hoje, mas não” constata Júlio Londrim, docente do Departamento de Comunicação e Artes. O professor mostrou a evolução histórica e tecnológica da arquitectura em paralelo com a moda. Já Miguel Santiago, professor de Arquitectura, debruçou-se sobre “A moda e o efémero”, mostrando que tanto ama como odeia a moda: “Tenho ódio e amor pela moda, amor porque actualmente tudo está na moda e ódio pela questão da efemeridade”, revela Miguel Santiago.
Nuno Jerónimo, docente do Departamento de Sociologia da UBI, levantou a questão da sociedade de consumo que age de uma forma compulsiva. “O mais interessante na sociedade consumista é a procura da novidade, como é o caso dos telemóveis que ganharam uma grande dimensão tecnológica, nunca imaginada por ninguém” constata o professor.
“Wine and Fashion” foi o tema de João Carvalho, antigo professor da UBI, mas actualmente empresário do vinho Quinta dos Termos, que apresentou algumas comparações entre o vinho e a moda. ”Os vinhos também se desenham, pois o meu papel é seduzir o cliente. Uma vinha tem todas as cores, é com a natureza que aprendemos a misturar cores, é com ela que se evolui, vamos beber à natureza” reforça o empresário.
Para complementar a Tertúlia esteve à mesa David Luxembourg que está ligado à Academia de Eindhoven. De uma forma descontraída virou as suas palavras para os estudantes presentes, dando alguns conselhos: “Para inovar é preciso conhecer a indústria” acrescentou David.
A Desertuna, Tuna Académica da UBI, foi convidada a actuar no inicio e no intervalo da Tertúlia, como forma de descontrair. Mesmo ao lado da Tertúlia, ainda era possível ver a exposição que faz parte do MOVE, onde os trabalhos dos alunos estão expostos. Esta exposição teve a colaboração de Sílvia Soares, docente de Geometria, e David Gorjão, professor de Desenho e Representação, que se envolveram e orientaram artisticamente a montagem da exposição.