Depois de uma pausa de três meses, as tertúlias literárias organizadas pela autarquia recomeçaram, trazendo até à cidade neve o escritor Rui Zink. A tertúlia começou com o elogio de Manuel da Silva Ramos ao convidado. O escritor covilhanense confidenciou que gosta “de escritores assim, directos, e de forte estilo literário”. “Se Rui Zink não existisse a literatura portuguesa seria mais pobre. A literatura avança com escritores assim.” No final da sua intervenção, Manuel da Silva Ramos acabou por fazer uma pequena entrevista ao convidado, para dar a conhecer ao público quem é Rui Zink.
Falando um pouco do seu mais recente livro, “O Destino Turístico”, Rui Zink explica que «é uma obra dura, pesada, que provoca desconforto, por aquilo que diz e como o diz. Trata Portugal como se fosse o Iraque. Não se lê por prazer como “O leitor”, que é um livro de conforto, tipo aula, para jovens dos 17 ao 77 anos, fácil de ler.» Devido a problemas de saúde, “O Destino Turístico” foi escrito de pé, situação que Rui Zink diz ter acabado por influenciar o seu livro, embora «não saiba muito bem como». “A nossa inteligência, a nossa sensibilidade é física, e estar de pé durante vários meses a teclar modifica a relação com a palavra”. O autor explicou ainda, meio a sério, meio a brincar, que já publicou muito, mas que agora vai poupar os seus leitores, tendo projectos futuros mas prometendo «publicar apenas se valerem a pena e apenas se sentir que dei o meu melhor». Respondendo à questão se voltaria a fazer um programa como “A noite da má-língua”, Rui Zink garantiu que «Sim, naturalmente… se me pagassem bem”. Em relação ao facto de os jovens agora lerem livros electrónicos, acredita que isso é positivo pois «o importante mesmo é ler. O prazer da leitura não passa pelo culto do papel e da poeira, acho que estamos a confundir o essencial com o acessório».
A tertúlia teve duas paragens para duas pequenas demonstrações musicais de realejo do folclore da Boidobra, instrumento escolhido pelo Rui Zink com a canção “O grilo”, e uma segunda “A videira”. O encontro terminou, depois de o convidado responder às questões dos presentes. O próximo café literário, em Abril, terá como convidado o maestro António Victorino d’Almeida.