No âmbito da Mostra de Design de Moda, o Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI, com o apoio do Museu de Lanifícios, realizou no passado dia 16 de Março a palestra “Simbólica Têxtil”, que teve como orador o professor de Filosofia da UBI José Rosa.
“Abrir horizontes e falar de toda a abrangência têxtil e da sua simbólica para inspirar os alunos de moda e dar referência à criação” foi, de acordo com a Directora da Licenciatura de Design de Moda da UBI e também organizadora do evento, Rita Salvado, o principal objectivo da palestra onde foram abordados os temas da moda e filosofia.
A moda significa harmonia em movimento, e a filosofia nasceu para contemplar a ordem do motus, do tecido, daí José Rosa fazer uma associação entre estes dois termos dizendo que a moda conjuga a harmonia com o movimento. Para aquele docente o têxtil, a moda e as roupas têm em si uma simbologia, “são objectos que todos utilizamos nos dias de hoje como uma forma de esconder a vergonha”. Por oposição ao vestuário temos a nudez, considerada como a essência da vida, como o “despir de preconceitos”. “Com o pecado tem-se consciência da vergonha, daí a necessidade de recorrer ao uso das roupas”, refere a docente da UBI de Literatura Portuguesa e Lusófona, Cristina Vieira. A introdução dos tecidos no mundo vem estabelecer diferenças entre aqueles que nascem com a mesma característica: a nudez.
Para Cristina Vieira “a essência da roupa, relacionada com a filosofia, é uma verdade, uma matéria, um material; enquanto que a aparência, mais ligada à moda, é uma falsidade, ou seja, a forma que é dada a essa essência é algo artificial”.
A associação simbólica entre fio e vida foi também uma das referências de José Rosa no decorrer da palestra. A lançadeira do tear foi retratada “como o símbolo por excelência do carácter fenomenológico e breve, e eventualmente cíclico da vida humana.” “Ser não significa reunir qualidades diferentes, mas sobretudo criar, tecer, tal como a aranha, o símbolo por excelência da arte”, menciona José Rosa.