Urbi@Orbi – Numa fase em que a qualidade é um dos parâmetros mais importantes e diferenciadores no ensino, como foi pensar todo o novo gabinete?
Amélia Augusto – A verdade é que quando o gabinete foi instalado não houve assim muito tempo para passar da planificação à acção, porque começou logo o processo de acreditação dos cursos, nomeadamente, Dezembro era o tempo limite para a proposta de criação de todos os novos cursos, foi preciso familiarizarmo-nos com a plataforma que não era conhecida. Um dos nossos técnicos teve de receber formação oferecida pela agência (A3ES) para trabalhar com a plataforma, e teve depois de passar essa informação a um outro colega e foi tudo muito rápido quando o processo começou a decorrer.
Muito importantes foram também as próprias indicações do Plano de Acção do Reitor, no sentido de saber quais as suas intenções para este gabinete de qualidade, quais eram as linhas mestras a seguir, e depois foi pensar em termos de plano, criar os objectivos estratégicos do gabinete e começar a trabalhar. O planeamento foi, em boa parte, decorrente das linhas definidas no plano de acção do reitor, mas também das próprias exigências nacionais e internacionais da qualidade.
Urbi@Orbi – De que forma irá trabalhar esse gabinete?
Amélia Augusto – Terá de trabalhar de forma muito articulada com as Faculdades. Nesta primeira fase isso ainda não aconteceu porque havia muita urgência no tratamento dos processos e não deu muito tempo para esse trabalhar esse objectivo.
Mas aquilo que esperamos do trabalho do Gabinete de Qualidade é uma actividade articulada com Comissões de Qualidade que estejam instaladas nas próprias Faculdades. As Faculdades têm especificidades diferentes umas das outras e podem trabalhar os dados de uma forma mais fina e de uma forma mais orientada do que um gabinete poderá fazer.
O que é mesmo importante é que as Faculdades comecem a pensar em trabalhar já com a qualidade em mente e que passem a considerar que esta faz parte dos seus projectos e que nomeiem comissões que consigam localmente implementar estratégias de qualidade, porque a Universidade tem muitos cursos. Não é esperado que a qualidade esteja sempre localizada num gabinete central, na Reitoria.
Urbi@Orbi – Quando hoje falamos em políticas de qualidade para a Universidade, falamos em que objectivos?
Amélia Augusto – A primeira coisa que se espera é a progressiva implementação de uma cultura de qualidade. Isto dito desta maneira parece simples, mas não é. Há que modificar mentalidades a fim de implementar culturas de qualidade e aquilo que gostaria era que a qualidade fosse vista na UBI como uma estratégia de melhoria, sempre. E aquilo que não gostaria que acontecesse é que a qualidade fosse vista como um procedimento “para auditor ver”. Ou seja, não queria que a qualidade fosse vista como um fim em si mesmo, como a produção de números para dar respostas a auditores e para sairmos bem “na fotografia”, mas que fosse vista de um ponto de vista estratégico, como uma ferramenta que nos permite fazer um diagnóstico, pensar reflexivamente as nossas práticas e reorientar práticas problemáticas, no sentido da existência efectiva de uma cultura de qualidade. Esta só existe se todos sentirem que contribuem para esse fim e que todos partilham dos mesmos valores. Isto implica também uma cultura de auto-avaliação e isso é algo que ainda teremos de trabalhar.
“Um sistema integrado de informação vai permitir um melhor trabalho para todos”
“Há a intenção de acreditar os Gabinetes de Qualidade”