Corpo Memória Desperdício é uma instalação interactiva que abriu ao público na passada quinta-feira, dia 25 de Fevereiro, no Café Concerto do Teatro das Beiras.
O projecto criado pela Quarta Parede – Associação de Artes Performativas da Covilhã – em parceria com o Departamento de Comunicação e Artes da UBI, foi desenvolvido no Laboratório Multimédia Interactiva (LIMI) tendo como objectivo criar uma equipa interdisciplinar capaz de envolver estudantes do Mestrado em Design Multimédia, artistas e profissionais do design, das artes de palco, da informática e da electrónica.
De acordo com Sílvia Ferreira, membro da Quarta Parede, “Corpo Memória Desperdício” são conceitos interligados que se referem a “uma espécie de teatro de objectos onde estão presentes micro-narrativas que o usuário tem que descobrir para criar as suas próprias histórias através de objectos vários, cabos e frases escritas no chão”.
Sílvia Ferreira explica que são os objectos com sensores que criam a interactividade. “A ideia é que as pessoas interajam, toquem nos objectos e percebam o que escondem”. Adverte que além da instalação funcionar como “escultura visual e interactiva, interessa que as pessoas observem o que dizem os objectos”.
Desta mostra interactiva faz parte uma reflexão acerca do Corpo e do Objecto, representante de memórias e vivências respeitantes a cada indivíduo em particular. “Os indivíduos estabelecem relações com os objectos e são estas que muitas vezes se traduzem em memória e desperdício”, diz Sílvia Ferreira. Aquela responsável explicou que o desperdício se reflecte “no consumo, na acumulação e desaproveitamento a que muitos objectos estão sujeitos hoje em dia na nossa sociedade”. Esta exposição pretende reflectir não só o desperdício tecnológico como também o desperdício quotidiano.
Os objectos que compõem a instalação são de uso quotidiano (regador, sanita…), objectos de consumo rápido e fácil (electrodomésticos), objectos infantis (bonecas), e alguns de valor afectivo. “No processo de criação chegámos a um acordo em relação aos objectos com que queríamos trabalhar, muitos deles iam para o lixo”, refere Sílvia Ferreira.
Em Corpo Memória Desperdício os objectos, espalhados pelo chão e pendurados, pretendem funcionar como paisagens. Segundo Sílvia Ferreira são “micro-paisagens que confluem numa macro paisagem, ou seja, na narrativa do corpo, da mente, da memória e do desperdício”.