As três ribeiras principais do Funchal, a ribeira de São João, Santa Luzia e João Gomes, arrastaram entulho e pedras até ao mar levando tudo o que encontrava pela frente. Pessoas perderam os seus pertences e ficaram sem as suas casas, as autoridades fazem um balanço de 42 mortes, quatro pessoas desaparecidas, 248 desalojados e mais de 120 pessoas feridas.
Segundo o Instituto de Meteorologia, em apenas cinco horas choveu o que normalmente chove em um ano neste Arquipélago. A destruição é explicada pela intensidade da chuva que se tem sentido nas últimas semanas e que as terras estavam saturadas, não resistindo e provocando derrocadas.
Carros, casas e pessoas foram arrastadas pelo dilúvio que arrasou várias zonas do Funchal. Santo António, a maior freguesia da capital, foi a localidade mais afectada pelo mau tempo, o desabamento de terras devastou a Ribeira do Trapiche, embora a população residente diz que mais vizinhança foi apanhada no meio da enxurrada. Mas ficaram outras zonas isoladas.
Vários parques de estacionamento ficaram submersos e alguns ainda com carros estacionados. Algumas pessoas deixaram os carros para trás mas, segundo as autoridades, no Centro Comercial Anadia, no coração da Cidade, há a possibilidade de existirem cadáveres, pessoas que não tiveram tempo de fugir do piso inferior do parque de estacionamento. Situações como esta foram sentidas em várias estradas de acesso ao Funchal como é o caso da estrada Luso-brasileira e da Rua da Pena, os carros que desciam ou subiam foram arrastados pela força da água. Algumas pessoas conseguiram fugir e abrigar-se até passar o pior mas muitos foram apanhados pelo mau tempo. As autoridades temem que debaixo dos escombros hajam vítimas mortais, pois a baixa do Funchal e as Ribeiras são palco de entulho e pedras que fizeram as estradas desaparecer. A Marina do Funchal e a Avenida das Comunidades Madeirenses, que constituem a costa do Funchal foram fortemente atingidas pela força da natureza, pois toda a água veio desaguar no mar.
Cerca de 30 por cento da população ficou durante dois dias sem água, luz e telefone, o que impossibilitou a comunicação entre a população e ainda o acompanhamento da situação na ilha. No momento a situação já está normalizada e estão a chegar mais apoios.
Neste momento, toda a população está em alerta para a possibilidade de desabamentos de terra, que ainda se encontram sensíveis, e Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional, pediu e aconselhou aos madeirenses a não saírem de suas casas. Outro alerta dado à população prende-se com o facto de terem acontecido alguns assaltos aos estabelecimentos comerciais que ficaram parcialmente destruídos.
Os trabalhos de limpeza da cidade do Funchal já iniciaram e têm sido realizados dia e noite. Miguel Albuquerque, presidente da Câmara Municipal do Funchal, estima que dentro de dois dias as ruas principais vão estar transitáveis, permitindo à população voltar às suas vidas normais e aos mais jovens regressarem às escolas.