Ouvem os sons da língua de Camões ainda com alguma apreensão. Tal como para as salas e edifícios da UBI e para as ruas inclinadas da Covilhã. Os sete alunos da Universidade de Macau chegaram há pouco mais de uma semana à cidade serrana para aprofundar os seus conhecimentos de português.
Estes são os primeiros alunos a estarem na UBI para aprender a língua de Camões. Um projecto que tem já um plano estruturado e é visto pelos responsáveis da academia covilhanense, como mais um passo para a internacionalização desta academia.
Paulo Almeida, vice-reitor para a área académica sublinha a importância deste projecto. Os alunos que agora estão a frequentar duas disciplinas do curso de Estudos Portugueses são o exemplo concreto das parcerias que estão a ser promovidas pela academia. “Um dos objectivos primordiais da UBI é a promoção da internacionalização, não só em termos de intercâmbio de estudantes, como também de docentes e investigações. Esses alunos frequentam a licenciatura de Estudos Portugueses e pensamos que faz todo o sentido acolhê-los aqui durante um semestre para que possam contactar com o nosso País, para que possam ter experiências práticas daquilo que estudam”.
Depois das primeiras aulas e de alguns dias na Covilhã os macaenses mostram-se já integrados. João é o mais falador. Num português simples expressa as suas ideias e a dos colegas. Gostam da cidade e cada dia descobrem-se “coisas novas numa cidade pequena e cheia de montanhas”. E é precisamente a Serra da Estrela que têm como ícone da região. As primeiras imagens que procuraram sobre este território foi precisamente da mais alta montanha de Portugal Continental. Da UBI gostam dos edifícios antigos e também da camaradagem.
Estes alunos que escolheram frequentar o curso de Estudos Portugueses estão inseridos em turmas normais, com colegas portugueses, “para fomentar uma maior integração”, explica Paulo Almeida. “Não fazia sentido terem aulas à parte dos restantes alunos, até porque, desta forma têm contacto com a cultura e com a forma de estar dos colegas. Vão ter aulas de História da Língua Portuguesa e Literatura Portuguesa Contemporânea, isto como unidades curriculares que depois vão ter acreditação no curso deles. Para além disso também vão frequentar o curso de português para estrangeiros que normalmente é dado para alunos Erasmus”, acrescenta.
Para António dos Santos Pereira, presidente do Departamento de Letras da UBI e Paulo Osório, docente responsável por esta iniciativa, “com este tipo de interligação abre-se todo um leque de oportunidades, sobretudo ao nível da troca de conhecimentos e produtos”.
A vinda destes estudantes revela-se “um facto civilizacional”, acrescenta Santos Pereira. Este programa serve também “para formar gente competente e isto é um acto de cultura decisivo para todos”. Para o presidente do departamento, este deve ser o primeiro de muitos programas de intercâmbio e o que hoje é notícia, “nos próximos anos deve-se tornar rotina”. Para além da promoção da língua portuguesa, “há também todo um leque de novas oportunidades, quer para estes alunos, quer para os seus colegas”. Santos Pereira reitera que “o mundo das letras tem de ter uma vitalidade e uma realidade económica à sua frente e é isto que é a globalização verdadeira”.
O principal responsável pelas Letras da UBI sublinha também que “o mais importante são as amizades que se estabelecem para no futuro, são as ligações que estes alunos e os que vieram vão ter como referências de quem e com quem estiveram”.
Para já, além de algumas palavras em português ficam também as imagens da calçada portuguesa. À pergunta sobre aquilo que os portugueses deixaram em Macau, a resposta é simples e pronta “o desenho das pedras nos passeios”. Quanto ao pretendem levar da Covilhã, pedem “o conhecimento da língua e muito boas amizades”.