“Corpo Memória Desperdício” é uma instalação interactiva que abre ao público na próxima quinta-feira, dia 25 de Fevereiro e poderá ser visitada até dia 11 de Março. A mostra estará patente no Café Concerto do Teatro das Beiras, na Covilhã.
Esta expressão artística resume-se a um teatro de objectos onde fluem micro narrativas que o usuário tem que descobrir para criar as suas próprias histórias, entre um caos de objectos, cabos, palavras e mapas.
Este projecto foi desenvolvido no Laboratório de Instalações Multimédia Interactivas (LIMI) da UBI, e surge de uma parceria estabelecida entre a Quarta Parede e o Departamento de Comunicação e Artes da UBI, com o intento de criar uma equipa interdisciplinar que envolva os estudantes do mestrado em Design Multimédia com artistas e profissionais do design, das artes de palco, da informática e da electrónica. Do confluir de todas estas áreas “emerge a magia da interactividade: as imagens e os sons despoletados por sensores que controlam os corpos, os desperdícios e, talvez, a nossa memória”, referem os promotores da ideia.
O desenvolvimento da instalação parte de uma reflexão sobre o corpo e o objecto, “mais especificamente, sobre as relações, as cartografias que o indivíduo estabelece com os objectos e a forma como estas se traduzem em desperdício e memória”. Neste trabalho, os objectos focados são de várias ordens, “objectos meramente utilitários de uso quotidiano, objectos de consumo rápido e fácil, objectos que se guardam pelo seu valor afectivo e objectos infantis do passado e do presente”. O desperdício é aqui trabalhado “no sentido do consumo, da acumulação e do desaproveitamento a que estão sujeitos a maior parte dos objectos”, refere ainda o documento de apresentação da mostra.
Através da presença física dos objectos, a ideia de desperdício procura também apontar para como constroem os objectos uma memória do consumo em massa e como, ao patentearem o consumo, eles acabam por representar memórias e vivências. “Mapas da nossa existência, superfícies de representação que se convertem em interfaces para interagir, para penetrar na visão do mundo que cada indivíduo em particular quer criar”, é aquilo que os autores da mostra pretende passar.
O objecto, para além da sua função, “conta-nos histórias”, dizem. “Fala-nos da sua relação com o mundo e connosco. Tem determinadas formas e cores que o aproximam ou distanciam de nós, de outros objectos e de outras paisagens. Quando se diz paisagem, diz-se a porção de território que o nosso olhar consegue alcançar”, acrescentam. Em “Corpo Memória Desperdício” os objectos pretendem funcionar como paisagens. Paisagens pequenas, grandes ou secretas, “dependendo do alcance do nosso olhar”. Micro paisagens pelas quais emergem narrativas que fluem pelo espaço, espalham-se pelo chão, trepam pelas paredes e pelos objectos pendurados, para confluir numa macro paisagem. Uma mostra que “é a narrativa do corpo, da mente, da memória e do tanto desperdício que produz, hoje em dia, a nossa sociedade”.