Pedro Oliveira faz dos computadores uma das suas principais ferramentas de trabalho. Este técnico da Universidade da Beira Interior sempre foi apaixonado pelas máquinas que conferiram mais uma forma de globalizar o mundo. A Internet e o correio electrónico transformaram algumas das formas de comunicação de todo o mundo. O envio de mensagens acabou também por revolucionar o tradicional serviço de correios. As cartas e os postais em suporte de papel são cada vez mais trocadas pelas mensagens electrónicas.
Mas existe agora também uma ferramenta informática que tem por objectivo voltar a promover a troca de correio em papel. Pedro Oliveira, que para além da informática também é adepto do coleccionismo, encontrou o site da Postcrossing e aderiu de imediato a esta comunidade de cibernautas que em vez de trocarem mensagens online, enviam postais ilustrados, pelo tradicional serviço de correios.
Esta comunidade foi criada por Paulo Magalhães, engenheiro de informática e sistemas, quando frequentava o último ano da sua licenciatura. Adepto confesso das novas tecnologias, em particular das tecnologias online, “o interesse pela Internet e websites foi um passo natural”, começa por explicar. O criador desta comunidade que tem por base a troca de postais ilustrados através dos correios refere que o conceito do postal “existe há muito e nunca morreu”. Paulo Magalhães acrescenta também que o email trouxe vantagens indiscutíveis, “mas tirou, por exemplo, a parte da imagem que acompanhava um postal. Existem diversas tentativas de tornar o postal em algo virtual (e-cards, e-postcards) mas na prática isso tira o verdadeiro significado de um postal”.
Acabou por criar uma ferramenta que conseguisse potenciar a troca de postais entre pessoas de todo o mundo. Dessa maneira juntou a capacidade de comunicação global da Internet e um interesse comum por postais.
O gosto por estes pequenos papéis que têm as origens mais próximas ou mais distante também “contagiou” Pedro Oliveira. Utilizador do Postcrossing, trocou já cerca de 150 postais. Envia paisagens da “cidade neve” para o mundo e recebe pequenas imagens rectangulares com retratos de diversos pontos do mundo, com cartoons e com outras ilustrações. “Receber um postal na caixa do correio, que passou por várias mãos e fronteiras é muito mais pessoal do que um email. O facto de a pessoa que o enviou dedicou tempo e atenção a escolher o postal, a escrever a mensagem, endereça-lo e possivelmente a escolher e colar um selo, só o torna mais especial”, acrescenta Paulo Magalhães. O criador do Postcrossing refere também que “ninguém pendura os emails que recebe na porta do frigorífico lá de casa”.
O projecto que começou por pura brincadeira, como um projecto pessoal,” uma experiência com o objectivo de juntar as pessoas que continuam a gostar de receber correio”, começou a ganhar adeptos apenas com o passa palavra. Mas depressa ganhou utilizadores estrangeiros “sem que para isso tenha sido necessário investir em publicidade ou marketing”, acrescenta o seu autor.