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Imprensa imigrante é retratada em exposição no Brasil
Douglas Cavallari (Correspondente no Brasil - S.Paulo) · ter?a, 9 de fevereiro de 2010 · Internacional Reconhecido como um elo fundamental na construção da imprensa brasileira, o jornalismo praticado pelas comunidades imigrantes é tema de uma mostra na cidade de São Paulo. Os jornais e revistas editados por portugueses estão entre os destaques. |
21982 visitas Marco inicial de uma nova vida para milhões de famílias, o emblemático edifício da Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo foi escolhido para sediar mais uma exposição enfocando a contribuição dos estrangeiros na construção do Brasil. A nova mostra destaca o papel da imprensa imigrante no país, uma presença com quase dois séculos de tradição. Intitulada “A Imprensa Imigrante em São Paulo”, a exposição revela as várias faces do jornalismo produzido por essas comunidades. Desde o início do século XIX até hoje, centenas de jornais, revistas, programas de rádio, TV e sites de internet foram criados por portugueses, italianos, espanhóis, alemães, japoneses, judeus, búlgaros, tchecos, húngaros, gregos, lituanos, armênios e povos árabes, além de outros grupos menores. A mostra retrata o cotidiano dessa atividade por meio de dezenas de edições originais de publicações imigrantes, reproduções dos princípios títulos que circularam em São Paulo, vídeos, fotos das redações e equipamentos aplicados na produção dos jornais, como a curiosa máquina de escrever Typress, com ideogramas japoneses, utilizada na redação do jornal “São Paulo Shimbun” até 1990. A exposição também destaca a importância dos jornalistas imigrantes na construção da imprensa brasileira. Além de ser considerada a primeira manifestação de jornalismo comunitário do país, muitos dos títulos publicados foram os primeiros a tratar de temas políticos e tensões sociais de forma aberta, outros ainda, revolucionaram na estética, como o jornal “O Mosquito”, ilustrado pelo português Raphael Bordallo Pinheiro durante a sua estada no Brasil. Pelas temáticas revolucionárias ou mudanças na ordem política mundial, a imprensa imigrante sempre esteve entre a mais censurada e perseguida. No início do século XX, os mais visados eram os jornais operários editados pelos italianos, que introduziam temas como greve e melhores condições de trabalho. Nas guerras mundiais, conforme o alinhamento do Brasil no conflito, muitos jornais foram fechados, como os dirigidos às comunidades alemãs e japonesas. Entre os anos 60 e 80, durante a ditadura militar, a desconfiança recaiu sobre os informativos dirigidos às comunidades imigrantes do leste. Além do destacado trabalho de Bordallo Pinheiro no país (de 1875 a 1879), os jornalistas portugueses e luso-descendentes sempre estiveram entre os mais ativos da imprensa imigrante. O tamanho da comunidade (a segunda maior do Brasil, menor apenas que a italiana) favoreceu o nascimento de vários títulos. Entre os mais antigos, está o Echo Portuguez (1897), O Gaiato (1905), A Bandeira Portuguesa (1908) e a revista Portugal e Brasil (1908). Fundado por portugueses - entre eles o líder sindicalista Neno Vasco - e italianos em 1902, o informativo anarquista O Amigo do Povo também foi um marco da imprensa operária brasileira. Na exposição também são apresentados vários outros títulos criados para a comunidade lusa, como a Revista Portuguesa (1930), A Voz de Portugal (criado em 1936 e editado até hoje), Portugália (1947), Centro Português (1949) e Portugal Ilustrado (1959). Um dos destaques é o jornal Portugal Democrático, crítico severo da ditadura salazarista, editado entre 1956 e 1975. Desde 1997, o principal jornal voltado aos portugueses e luso-descendentes de São Paulo é o Mundo Lusíada. A exposição “A Imprensa Imigrante em São Paulo” seguirá no Memorial do Imigrante ao longo de fevereiro. Os historiadores responsáveis pela mostra antecipam que todo o material coletado dará origem a um livro, a ser publicado até o final do ano e vendido nas livrarias e página de internet da instituição. Como última curiosidade, vale destacar que, apenas na capital paulista, circulam atualmente mais de 30 títulos da imprensa imigrante, atingindo uma tiragem conjunta superior a 500 mil exemplares. |
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