Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Comunicação comunitária e jornalismo de proximidade em debate
Bárbara Biolchi · quarta, 9 de novembro de 2022 · @@y8Xxv Congresso Internacional realizado na UBI reuniu investigadores do Brasil, de Cabo Verde, de Portugal e de Espanha para refletir sobre a temática |
Evento decorreu entre os dias 3 e 4 de novembro |
22033 visitas Decorreu na Universidade Beira Interior (UBI), entre os dias 3 e 4 de novembro, o Congresso Internacional de “Comunicação Comunitária e Jornalismo de proximidade num cenário de Infodemia”. O evento foi organizado pelo projeto MediaTrust.Lab em parceria com o LabCom e com o Grupo de Trabalho de Media Regionais e Comunitários da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM). Na sessão de abertura dos trabalhos presenciais, em representação do LabCom, o professor João Canavilhas apontou as dificuldades de organizar um congresso académico após o período pandémico, mas ressaltou a importância de retomar os eventos, porque proporcionam um espaço de partilha de conhecimento, integração e troca de experiências entre os investigadores. Na véspera, a conferência online de abertura teve a participação de Raquel Paiva, professora emérita do Departamento de Expressões e Linguagens da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Raquel Paiva apresentou seus estudos em relação à comunicação comunitária e ao trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária (LECC), que atua para formar comunicadores comunitários. “A temática do jornalismo comunitário sempre foi muito cara ao contexto da América Latina. Essa forma de comunicação surge para contrapor as narrativas das médias hegemónicas, para dar voz àqueles que são historicamente excluídos. E todo o processo de comunicação está a cargo de um grupo de dentro da própria comunidade”, explicou a docente. Na avaliação da professora, se a comunicação comunitária não existisse a situação da pandemia no Brasil teria sido muito mais trágica – o país regista mais de 680 mil mortes por covid-19 – sobretudo para as regiões periféricas em que os problemas causados pela desigualdade social são mais patentes. “Diante do descaso do governo, grupos comunitários se organizaram para disseminar informação e conscientização. Surgiu uma rede nacional de que fez um trabalho fundamental na divulgação diária do número de mortos e infetados e das medidas de prevenção que deveriam ser tomadas”, frisou. A pesquisadora explicou que o trabalho da rede comunitária utilizou instrumentos diversos de comunicação. Além das redes sociais, valeu-se da produção e distribuição de panfletos, colagem de cartazes em espaços públicos, instalação de caixas de som em postes, circulação de bicicletas e carros com som e até mesmo o graffiti. Além da propagação de informação, os grupos desenvolveram ações diretas de distribuição de álcool em gel, máscaras e alimentos para a população em situação de vulnerabilidade. “Tudo aconteceu de maneira muito experimental e deu certo. Isso nos mostra que a linguagem na comunicação comunitária precisa ser criativa. Nesse momento que vivemos, de grande processo de transformação, é preciso que sejamos capazes de construirmos narrativas para um mundo mais inclusivo” destacou Raquel Paiva. O segundo dia do congresso reuniu os professores Miguel Midões, do Instituto Politécnico de Viseu e da Universidade de Coimbra, Maria José Brites, da Universidade Lusófona do Porto, Elvira García de Torres, da Universidade CEU Cardenal Herrera, e Pedro Jerónimo, da Universidade Beira Interior. Os debates estiveram centrados nos desafios e nas potencialidades que se colocam à comunicação comunitária e ao jornalismo de proximidade no contexto português. Reflexões que passaram por questões econômicas, possíveis fontes de financiamento deste modo de comunicação, condições de trabalho dos comunicadores e programas de capacitação para formar comunicadores locais. Pedro Jerónimo pontuou, ainda, a confiança que a população mantém em relação ao jornalismo de proximidade e local e defendeu isso como um património valioso e que precisa ser preservado. Foi consensual entre os conferencistas que, em tempos de popularização dos meios digitais em Portugal e no mundo, os fatores geográfico e de territorialidade ainda são importantes, mas não possuem mais uma relevância exclusiva devido ao fato de que a internet é capaz de romper fronteiras. “O que nos une enquanto comunidade? Essa pergunta, hoje, parece mais relevante para a comunicação comunitária e para o jornalismo de proximidade do que propriamente a localização geográfica dos grupos que a desenvolvem” finalizou a professora Maria José Brites, que apresentou uma comunicação intitulada “Comunicação Comunitária: Potencialidades e Desafios”. |
Palavras-chave/Tags:
Artigos relacionados:
GeoURBI:
|