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Eleição brasileira será decidida na segunda volta
Bárbara Biolchi · quarta, 12 de outubro de 2022 · O ex-presidente Lula da Silva e o atual, Jair Bolsonaro, disputam a 30 de outubro os votos de mais de 156 milhões de cidadãos com domicílio eleitoral no Brasil e no exterior. |
Créditos da Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
22019 visitas O povo brasileiro terá que esperar até o dia 30 de outubro para conhecer o presidente que governará o país nos próximos quatro anos. Isso porque nenhum dos candidatos atingiu, no passado dia 2 de outubro, o índice de 50% mais um votos, necessário para definir o resultado na primeira volta. Luiz Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT), presidente entre os anos de 2003 e 2011, e Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), atual chefe do executivo, estão na disputa na segunda volta. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão do judiciário responsável pela condução do pleito no Brasil, encerrou a apuração de 100% das urnas na terça-feira, dia 04. Lula da Silva obteve 48,43% dos votos válidos. Seu adversário, em contrapartida, recebeu 43,20% dos votos válidos, surpreendendo as agências de sondagens. Os dados do TSE indicam que mais de 156 milhões de pessoas estão aptas a votar na eleição deste ano. O contingente é 6,2% maior do que o registrado na eleição presidencial de 2018. Além dos colégios eleitorais em solo nacional, há 181 cidades no exterior com estrutura para viabilizar a votação de brasileiros que se encontram fora do país. Em 2022, 697 mil pessoas informaram domicílio eleitoral no exterior. Esse número é 39,21% maior do que em 2018. Estados Unidos, Portugal e Japão são os países em que se registra a maior quantidade de brasileiros autorizados a votar na eleição para o cargo de presidente.
Portugal é o maior colégio eleitoral brasileiro na Europa
Com mais de 80 mil pessoas credenciadas ao voto em 2022, Portugal é o maior colégio eleitoral brasileiro na Europa. Em Lisboa junta-se o maior contingente, encontrando-se registados na capital 45,2 mil eleitores brasileiros aptos a votar. As cidades do Porto e Faro também têm seções eleitorais, embora com menor expressões. Na contagem geral de votos computados no exterior, Lula ganhou com 47,17% dos votos e Bolsonaro obteve 41,61%. Em Portugal, Lula venceu a primeira volta nos três locais de votação. Em Lisboa, o candidato petista recebeu 61,5% dos votos, e na cidade do Porto, 60,3%. Em Faro, Lula superou Bolsonaro por uma diferença de mais de 200 votos. Nesta primeira volta, houve ocorrência de longas filas e mais de três horas de espera para votar. A votação iniciou às 8h00 de Lisboa e desde a madrugada já havia eleitores diante da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. A afluência foi tanta que o horário de encerramento, que estava previsto para às 17h, precisou ser estendido até às 21h. Camilla Struziato Toquetti, atualmente com 32 anos, vive em Lisboa há um ano e essa é a primeira vez que vota fora do país. Advogada, ela mudou-se de São Paulo (SP) para trabalhar em Portugal como especialista em imigração. Para além da obrigatoriedade do voto, Camilla destaca que o descontentamento com o atual governo do Brasil influenciou diretamente a sua ida à urna: “O cenário político do país foi uma das motivações que me fez mudar para Portugal e continuar aqui até hoje. A situação é triste, mas a possibilidade de mudança na presidência trouxe esperança de dias melhores”, diz. A brasileira chegou às 13h na Faculdade de Direito e permaneceu na fila por mais de três horas. Ela considera que a logística deixou a desejar, sobretudo porque eram muitas pessoas concentradas em apenas um local de votação. A ausência de funcionários para controlar a fila também teria agravado a situação de confusão generalizada. “O ideal seria fracionar um outro local de votação, mas dificilmente isso será possível para um segundo turno. Então, no dia 30 de outubro, deveria haver mais pessoas cuidando da organização, principalmente do lado de fora do prédio onde fica a maior aglomeração”, finaliza.
Estudantes da UBI viajam até Lisboa para votar
Muitos alunos brasileiros que vivem na Covilhã viajaram até Lisboa para participar do pleito eleitoral. João Henrique Lima tem 19 anos e esta foi a primeira vez que votou direto de Portugal para uma eleição do Brasil. Aluno do segundo ano do curso de Comunicação, João é da cidade de Palmas - Tocantins e vive na Covilhã há quase quatro anos. Lima considera o atual cenário político do seu país de origem como “desastroso, ignorante e desumano”, situação que, segundo ele, interfere diretamente na sua permanência em Portugal e que o fará retornar à Lisboa no dia 30 de outubro para votar também na segunda volta. O descontentamento com a gestão do atual presidente, Jair Bolsonaro, é compartilhado pela aluna do curso de Estudos Portugueses e Espanhóis, Flora Pereira Carvalho. “O Brasil não está bem atualmente. Não foi isso que influenciou a minha vinda, mas hoje influência sim na minha ideia de permanecer muito mais tempo em Portugal”, conta a jovem de 21 anos, que é natural do estado de Minas Gerais e está na Covilhã há três anos e meio. Cumprir com o seu dever como cidadão foi o que levou Henrique Cabral Muniz Freire, oriundo de Brasília e residente da Covilhã há três anos, até a capital lusitana no dia dois de outubro. O estudante do curso de Design Multimédia tem a impressão que há, no Brasil, “um projeto político pensado para levar o país ao caos”. “Voltamos ao mapa da fome e os meios públicos de ensino têm sido sucateados de forma propositada. Há uma crescente linha religiosa que ameaça o estado laíco do país e acredito que isso vá contra a República”, pontua. Ele acredita que é necessário que a população se mobilize e organize manifestações para lutar por mudanças. Embora tenham esperado menos de duas horas para conseguir votar – João diz que ficou apenas 20 minutos na fila –, ambos os estudantes sinalizaram descontentamento com a organização do lado de fora da Faculdade de Direito e consideram que a logística deveria ser melhorada para o próximo dia 30. “Ninguém sabia onde ficava o final da fila e todos estavam perdidos”, lembra Flora.
Brasil polarizado
A primeira volta da eleição brasileira consolidou a polarização política que se fortaleceu no país desde meados de 2018. A disputa presidencial deste ano ficou concentrada em Lula da Silva, principal liderança do Partido dos Trabalhadores e historicamente ligado aos movimentos sindicais e de esquerda, e em Jair Bolsonaro (PL), símbolo de grupos políticos ligados à direita e que ganhou notoriedade por defender o armamento da população, evocar ideais conservadores e atacar instituições democráticas como o sistema Judiciário. Nesse cenário, restou pouco espaço para as candidaturas que buscaram apresentar-se como terceira via para a presidência. Simone Tebet, candidata pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), ganhou destaque em 2021 por confrontar a política de Bolsonaro diante da pandemia e lançou-se para concorrer ao pleito como uma alternativa de centro. Ela, no entanto, conquistou apenas 4.915.423 votos – o que representa 4,16% do total. No mesmo sentido, o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Ciro Gomes, recebeu 3.599.287 votos (3,04%) e saiu da disputa em quarto lugar. A corrida eleitoral para a presidência do Brasil continua e, até o dia da segunda volta, Lula e Bolsonaro buscam apoios políticos e votos da população. Sérgio Moro, ex-juiz que esteve a frente da Operação Lava-Jato e agora foi eleito senador pelo estado do Paraná, e os governadores eleitos nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, Romeu Zema (NOVO) e Cláudio Castro (PL), já declararam voto em Bolsonaro. Em contrapartida, os partidos políticos PDT e Cidadania formalizaram apoio à candidatura de Lula. PSDB e MDB, por sua vez, não fecharam posição e acabaram por liberar seus filiados para que escolham entre Lula e Bolsonaro de forma independente.
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