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"A UBI fez mais com menos e devemos ser recompensados por isso"
Rafael Mangana · quarta, 4 de maio de 2022 · @@y8Xxv A instituição fez 36 anos e o Reitor aproveitou o aniversário para reivindicar mais financiamento por parte do Governo. |
Mário Raposo sublinhou o subfinanciamento que ainda existe em relação à UBI |
22000 visitas A Universidade da Beira Interior (UBI) celebrou no sábado, dia 30 de abril, os 36 anos da sua criação, numa Sessão Solene que regressou aos moldes tradicionais, depois de dois anos de interrupção, devido à pandemia da COVID-19. Atualmente com 8629 alunos, dos quais 1890 são estudantes internacionais, a instituição conta ainda com 18 unidades de investigação e 22 start-ups incubadas no UBI, aspetos destacados pelo Reitor durante a sessão. “E tudo isto é alcançado num contexto orçamental altamente desfavorável. A UBI tem, a nível nacional, um dos menores financiamentos per capita/ aluno das universidades portuguesas. Apesar disso, tem as contas equilibradas graças ao trabalho, esforço e abnegação da comunidade ubiana, que se desdobra em múltiplas tarefas para superar a falta de meios”, destacou Mário Raposo. “A UBI fez mais com menos recursos, e isso é ser mais eficiente e eficaz na utilização dos recursos colocados à disposição pelos contribuintes portugueses. Devemos ser recompensados por isso, e não penalizados, mas o que é um facto é que o nosso orçamento de Estado, comparado com o de outras instituições, deveria ser superior em mais de 6 milhões de euros, pelo menos, e isso permitiria alavancar ainda mais o nosso desenvolvimento e a nossa contribuição para a região e para o país”, garante o Reitor. Mário Raposo aproveitou ainda para anunciar que já foi aberto concurso para o recrutamento de mais 29 professores associados, o que vai aumentar os custos. Também o reforço do fundo de apoio social para os alunos mais carenciados e vários investimentos ao nível das infraestruturas, nomeadamente a requalificação das cantinas universitárias e a transformação da antiga cantina da Boavista em residência, foram outros aspetos focados pelo responsável máximo da UBI, para justificar a necessidade de maior apoio por parte do Governo. Até ao verão a UBI espera também ter concluído o seu plano estratégico até 2030, que “assenta na análise criteriosa dos recursos e capacidades dinâmicas da instituição, tendo em consideração as oportunidades e constrangimentos externos, para obter vantagem competitiva no desenvolvimento de serviços superiores aos concorrentes, satisfazendo os objetivos dos seus membros. Considerando o plano estratégico em desenvolvimento, afigura-se fundamental que as questões da qualidade sejam transversais a todos os domínios no sentido de aprofundar a gestão estratégica por objetivos e consolidar um modelo organizacional integrador e amplamente partilhado por todas as unidades orgânicas e serviços da instituição”, destaca o Reitor da UBI. Por outro lado, Mário Raposo considera que “é absolutamente consensual que a UBI, para se manter competitiva em termos de investigação, siga uma lógica de atração e fixação dos melhores investigadores. Um dos elementos fundamentais desta lógica é o da criação de um quadro permanente de investigadores, em paralelo à estrutura das unidades e subunidades orgânicas, nomeadamente, Faculdades e Departamentos e Unidades de Investigação, o qual deverá contemplar áreas científicas nucleares e estratégicas para a missão da UBI. Esta é uma agenda que iremos discutir e debater com a nova Ministra do Ensino Superior. A captação e fixação do talento, com o desenvolvimento de mecanismos de incentivo, o acompanhamento da atividade de investigação e o empoderamento de carreiras constituirão uma base sólida para criar confiança e estimular a criatividade dos professores e investigadores. Deste modo, fortalecer-se-á a presença da UBI na região envolvente, contribuindo ainda para uma maior coesão e competitividade do território da Beira Interior.” Encontrar mecanismos que possam premiar as carreias docentes é outra das metas de Mário Raposo, que espera ser possível “desenvolver um contrato-programa para a UBI, tendo em vista reconhecer o esforço que tem sido feito por toda a comunidade académica, tendo em consideração os custos de contexto que permita atingir níveis de financiamento por aluno idênticos aos das instituições congéneres e autorize a ultrapassagem dos limites de orçamento de Estado na aplicação de verbas para reforçar as equipas de recursos humanos da UBI.”
"Sabemos bem das necessidades da Universidade da Beira Interior" Presente na cerimónia de sábado esteve a ministra da Coesão Territorial, que garantiu estar consciente da situação da UBI e prometeu lutar para um reforço do seu financiamento. “Sabemos bem das necessidades da Universidade da Beira Interior, sabemos como precisam de reforçar o vosso financiamento para que corresponda, efetivamente, ao papel fundamental que a UBI tem tido e que terá cada vez mais, tenho a certeza, no desenvolvimento desta região. Quero que saibam que podem contar com esta ministra na defesa de um financiamento adequado ao papel e à lei que urge corrigir”, assegurou Ana Abrunhosa. A ministra pretende, ainda, trabalhar em conjunto com a UBI no sentido de aumentar as vagas disponíveis no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, com o objetivo de fixar quadros qualificados na região. Até porque a instituição e a cidade, acredita, têm “potencialidades para as quais os empresários hoje estão muito atentos. Há cada vez mais empresas a procurar a Covilhã e esta procura prende-se com a comprovada qualidade dos cursos da Universidade da Beira Interior. E, portanto, senhor Reitor deixo-lhe aqui um desafio - que não é só seu, também é do Governo - de aumentar o número de vagas a curto prazo da UBI.” Ainda durante a sessão comemorativa dos 36 anos da instituição, também o presidente do Conselho Geral da UBI reforçou a ideia do subfinanciamento, aproveitando a presença de Ana Abrunhosa. “O que aqui se tem feito, senhora ministra, tem sido feito com mérito - que temos de reconhecer - e que é o mesmo que dizer que temos que unir esforços para mudar a realidade do que não se devia manter aniversário após aniversário. Mudar coisas mais velhas do que eu, como é a Lei de Bases da Educação, o RGIES, o modelo de financiamento do Ensino Superior. A universidade não é compensada por questões de interioridade, não é compensada pelo seu histórico, não é compensada pelo aumento que teve na sua estrutura - continua a receber como se ainda não tivesse faculdade de Medicina, por exemplo -, e isso não está certo e convoca-nos a todos para mudar”, considerou Hugo Carvalho. O presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) foi outra das vozes críticas relativamente à situação da instituição. “Vamos ter mais um ano em que a UBI terá um financiamento inferior, quando comparada com o panorama nacional. Como pode o Instituto Português do Desporto e Juventude ter dívidas com estruturas estudantis, como é o caso da AAUBI, prejudicada com cerca de 120 mil euros desde há cinco anos pelo não cumprimento técnico-administrativo de uma forma de financiamento às associações de estudantes? O cumprimento dos preceitos é fulcral para o desenvolvimento da confiança entre estudantes e Governo”, sublinhou Ricardo Nora, naquela que foi a sua última intervenção oficial enquanto presidente da AAUBI.
UBI outorga doutoramentos Honoris Causa a dois reitores oriundos de Angola e Moçambique A sessão ficou ainda marcada pela outorga de dois doutoramentos Honoris Causa: a Orlando António Quilambo e a Orlando Manuel José Fernandes da Mata. Orlando António Quilambo é Reitor da Universidade Eduardo Mondlane desde 2011, depois de ter desempenhado outras funções de administração na instituição como Vice-reitor, Diretor Científico e Diretor da Faculdade de Ciências. Doutorado em Ciências Naturais pela Universidade de Gröningen, da Holanda, tem ainda formação em áreas da gestão universitária. O seu percurso inclui a participação em organismos como Associação das Universidades Africanas, a Associação do Ensino à Distância dos Países de Língua Portuguesa e a Associação das Universidades da Língua Portuguesa. Teve como Madrinha na homenagem Isabel Ferra, docente Jubilada da UBI. Orlando Manuel José Fernandes da Mata, Reitor da Universidade Mandume ya Ndemufayo desde 2015, foi, anteriormente, Reitor da Universidade Agostinho Neto, também sediada em Angola. É Engenheiro Agrónomo, Mestre em Agro-Química pela Universidade Martin Luther-Halle/Wittenberg, da antiga República Democrática da Alemanha (RD) e Doutorado em Nutrição Vegetal, pelo Instituto de Agronomia Tropical da Universidade de Leipzig (República Federal da Alemanha). É Vice-Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), da qual a UBI faz parte. Em Angola, é membro fundador e Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Angolanas (Cruang). Integrou também o Governo de Angola e o Comité Consultivo Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia da SADC da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. Teve como Padrinho José Carlos Venâncio, docente do Departamento de Sociologia da UBI. Do programa constaram tamém a Outorga de Cartas de Agregação; Imposição de Insígnias Doutorais; e Entrega de medalhas a docentes e funcionários que completaram 20 anos de serviço ou que se aposentaram até 30 de abril de 2022. Os melhores estudantes do 1.º Ciclo/Mestrado Integrado que terminaram o curso em 2020/21 também mereceram destaque, recebendo prémios de mérito escolar. |
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