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Há guerras em "países que nem sabemos que existem"
Kayalu da Silva · quarta, 20 de abril de 2022 · Médico atuante em missões humanitárias foi convidado pelo núcleo de estudantes Medicina da UBI para expor conflitos internacionais pouco divulgados. |
Médico anestesista e intensivista, Gustavo Carona |
22016 visitas A falta de empatia da população mundial acerca dos conflitos mais afastados do continente europeu indica um pensamento pouco reflexivo sobre os combates mundiais, disse o médico e também anestesista atuante por mais de 12 anos nas missões humanitárias do programa Médico Sem Fronteiras, Gustavo Carona. O relato do profissional de saúde e missionário humanitário durante a nova sessão online da rubrica 100 fronteiras, evidenciou o contexto desconhecido das guerras armadas mais distantes das coberturas midiáticas. O evento, realizado nesta última segunda-feira (18), pelo departamento de saúde, bem-estar e ação comunitária do Núcleo de Medicina da Universidade da Beira Interior (MedUbi), intitulou-se "What 's happening under your radar” e, debaixo do radar, o médico que atuou em mais de dez missões humanitárias nas regiões mais violentas do mundo, contextualizou diferentes visões históricas e econômicas dos conflitos armados ocultos do grande público. Gustavo Carona, médico anestesista e intensivista no Hospital de Matosinhos, define em três tipos os conflitos que atraem a atenção da população, do ponto de vista eurocêntrico. “O primeiro escalão está no conflito entre Ucrânia e Rússia, pois é uma porta completamente aberta para a Europa. Depois, o segundo grupo, são os conflitos que geram uma pressão dos refugiados para fugirem em direção à Europa. Como exemplo, temos a situação da Síria, Iraque e Afeganistão. E por último, estão os países que sabemos nem sequer que existem. Aí podemos citar os conflitos africanos, e também o conflito do Iémen”. Por fim, Carona indicou o poder da democracia para aqueles que têm interesse em acompanhar os conflitos pouco noticiados: “Para nós, que vivemos em democracia, os media e os políticos não são líderes, são seguidores. Se nós quisermos manter-nos a par dos assuntos, pode ter a certeza de que os médias nos vão dar as notícias. Se quisermos que os políticos tenham mais atenção à fome em África, nós temos de ser ativistas para sermos ouvidos. A política é a luta da felicidade comum. Portanto, nós é que não queremos saber. Os media apenas transmitem o que nós queremos ver”. A rubrica 100 Fronteiras é um espaço mensal dedicado nas redes sociais do MedUbi para expor e provocar o interesse geral sobre diferentes realidades e países que necessitam de ajuda humanitária. |
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