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Não-monogamia foi debatida em evento online
Kayalu da Silva · quarta, 20 de abril de 2022 · Na primeira sessão do evento Get Down There, uma especialista e uma praticante da temática não-monogâmica discutiram os desafios de uma relação não convencional. |
Mariana Silva (Dir.) e Marcela Aroeira (Esq.) |
22018 visitas Temas controversos na área de saúde sexual e reprodutiva foram discutidos durante a primeira sessão do evento “Get Down There”, realizado neste último dia 13 de abril. Organizado pelo departamento de saúde, bem-estar e ação comunitária do Núcleo de Medicina da Universidade da Beira Interior (MedUbi), a atividade promoveu, através de uma rede social online, uma conversa descontraída com especialistas acerca da temática sub-explorada das relações não-monogâmicas. Em pouco mais de uma hora de sessão, temas polêmicos foram desmistificados e explorados acerca do vasto guarda-chuva de conceitos que a não-monogamia comporta. Durante a conferência, estiveram presentes a psicóloga e especialista em relações não-monogâmicas Marcela Aroeira e também Mariana Silva, influenciadora digital e praticante do poliamor, relação amorosa entre mais de duas pessoas. Através de uma conversa espontânea, as duas participantes evidenciaram os preconceitos sofridos por aqueles que não seguem as práticas de relacionamento convencional. “A não-monogamia não é só sobre ter muitos parceiros. É também questionar a forma como a sociedade nos impõe certos padrões, de se casar com uma pessoa, ter filhos com essa pessoa. É desconstruir todo este pensamento monogâmico que nos é ensinado”, disse Mariana Silva, também criadora e participante do podcast especializado em poliamor intitulado Rambóia com Moderação. A influenciadora ainda menciona como é lidar com diferentes pessoas e personalidades amorosas numa relação: “Temos vários amores diferentes: platónico, sexual, amizade, intelectual. É diferente com cada pessoa e não é obrigatório que seja exatamente igual, nem é isso que se quer. Não se quer igualdade a 100%, quer-se equidade. Ou seja, a pessoa que está do outro lado da relação, ou as pessoas, consigam compreender quais são as necessidades e desejos de cada um, e que seja correspondido.” “A forma como a não-monogamia chega às pessoas é pela imagem da não exclusividade sexual. Mas na verdade a nossa luta é muito mais aprofundada, pois nós, praticantes da não-monogamia, questionamos a hierarquia das relações, como elas são estruturadas, sem colocar o amor romântico como única e mais importante forma de amor”, evidencia a psicóloga especialista em relacionamentos não monogâmicos, Marcela Aroeira. Ao perceber uma das principais dúvidas entre as nomenclaturas poligamia e monogamia, a psicóloga Aroeira explica que poligamia e monogamia são igualmente duas formas de casamento. A diferença fica por conta de que na poligamia o casamento é realizado numa mesma relação com duas ou mais pessoas e o casamento monogâmico é apenas entre dois indivíduos. Por outro lado, continua Marcela, a não-monogamia foge da estrutura de casamento. A luta feminista pode ser relacionada com a prática não-monogâmica, explica a psicóloga: “Não podemos ver a luta feminista e os pensamentos progressistas afastados do pensamento não-monogâmico. Para a mulher, a monogamia serve como um aprisionamento. Nós mulheres fomos colocadas para o trabalho doméstico, afastadas do espaço público. Isso tudo fez com que a gente sofra mais com a monogamia. Por isso a não-monogamia é uma desconstrução de gênero também.” Get Down There é uma atividade dividida em várias sessões, todas transmitidas no perfil do Instagram da MedUbi, que explora, de maneira informal e didática, a discussão de temas sub-explorados e controversos da área de Saúde Sexual e Reprodutiva. |
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