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Desligar do quotidiano e conectar com a poesia
Sofia Gabriel · quarta, 30 de mar?o de 2022 · Celebrado anualmente a 21 de março, o Dia Mundial da Poesia é uma forma de apoiar a diversidade linguística, através da expressão poética, e homenagear a leitura, os poetas e a escrita artística. |
Betty Blue (à esquerda), pseudónimo de Elisabeth Morão, foi a poeta convidada para o evento da CooLabora |
22063 visitas “Para que servem os poetas em tempos de indigência”, foi a interrogação que marcou a celebração do Dia Mundial da Poesia, na passada sexta-feira, na CooLabora, uma cooperativa com intervenção nas áreas sociais da Covilhã. A sessão, que decorreu num registo de conversa e convívio entre os convidados, contou com a presença de Betty Blue, pseudónimo de Elisabeth Morão, poeta e professora numa escola da cidade, que apresentou as suas obras. O debate sobre o papel do poeta, a poesia na construção do eu e a leitura de diversos poemas foram as temáticas que juntaram à mesa cerca de dez participantes na comemoração da poesia enquanto interligação de várias artes e palavra. Com o principal objetivo de conversar acerca deste dia e da sua importância, a ideia central da iniciativa foi “criar um momento de um certo desligamento do dia a dia, onde pudesse ser feito um corte para iniciar o fim de semana de uma forma mais leve e positiva”, explica Teresa Correia, membro integrante da CooLabora e professora do ensino secundário. Criado em 1999, durante a 30ª sessão anual da Unesco, em Paris, o Dia Mundial da Poesia tem como intenção apoiar a diversidade linguística através da expressão poética e dar oportunidade às línguas de serem ouvidas. “A comemoração dos dias é sempre importante, mas não se podem esgotar, é preciso relembrar as pessoas de que existe poesia e que esta deve fazer parte da nossa vida”, defende Teresa Correia. “Porque a escrita é sempre uma forma de libertação, de abrir horizontes e é um meio para se falar de temas importantes, a que no dia a dia fugimos ou não queremos abordar, e que através da poesia e leitura é possível”, acrescenta. O evento, que decorreu durante uma hora e meia, deu voz a Elisabeth Morão, também conhecida como Betty Blue. O pseudónimo nasce de uma necessidade de distanciar a sua profissão de professora de inglês e francês da sua paixão enquanto poeta, como se intitula. Autora de vários livros apresentados durante a iniciativa, explica que a poesia e a sua rítmica são uma forma de organizar o pensamento. “A poesia está intrinsecamente ligada à minha forma de viver as emoções e é aí que eu me vou inspirar, deixo-me levar por aquilo que eu sinto, o tal pulsar das pessoas”, explica a poeta. A autora que usa as palavras como “engenho e arte”, como referia Camões, escreve sobretudo acerca do quotidiano, sentimentos e emoções, sensualidade feminina e paisagens mentais que encontra no pulsar das pessoas e sítios que frequenta e que reflete nas suas obras. E realça a importância de assinalar o Dia Mundial da Poesia: “É uma construção identitária, é um apropriar da língua, e o Dia Mundial da Poesia serve precisamente para ver que a poesia somos todos nós, são os pequenos momentos. Este dia ajuda-nos a sobreviver e a lembrar do nosso lado humano e irmos procurar essa parte humanística, porque a poesia serve para exacerbar o melhor que nos temos”. A CooLabora, fundada em 2008, é uma cooperativa, independente das forças partidárias, com intervenção nas áreas da economia social, voluntariado, inclusão e violência doméstica e de género, com a missão de contribuir para o desenvolvimento das pessoas, organizações e do território. Realiza ainda ao longo do ano diversos eventos, sessões, debates de reflexão com a comunidade e oficinas de escrita autobiográfica. |
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