O projeto desenvolvido pelo MUSLAN tinha um duplo propósito: celebrar o centenário da inauguração da Empresa Transformadora de Lãs, Lda., e os 20 anos da Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior.

Este projeto agora premiado pela Associação Portuguesa de Museologia pretendia criar uma narrativa online que desse protagonismo aos arquivos da Empresa Transformadora de Lãs, Lda. e do Grémio dos Industriais de Lanifícios da Covilhã, instalados no Arquivo Histórico do museu, ao acervo museológico proveniente da antiga fábrica, e aos antigos operários e técnicos que trabalharam na empresa. Além disso, propunha também um diálogo entre os diferentes tempos que compõem a história do edifício, o primeiro, ligado à indústria, e o segundo à universidade, onde se encontra agora a Faculdade de Engenharia.

A diretora do Museu dos Lanifícios, Rita Salvado, revela que o facto de o projeto ter coincidido com período da pandemia não se revelou um impedimento para a equipa, que “ foi muito resiliente e reagiu indo ao encontro das suas comunidades através do desenvolvimento de atividades online”.

Durante a realização do projeto, Rita Salvado conta que os maiores desafios encontrados pela equipa incidiram na realização de entrevistas, e produção e edição de vídeo e ao nível da divulgação da comunicação cultural nas plataformas digitais. “A equipa mostrou-se resiliente e superou a falta de qualificação em técnicas de entrevista, produção e edição de vídeo, e experiência nas novas dinâmicas de difusão de uma comunicação cultural nas redes sociais”.

Celebrar e dignificar o património histórico da cidade é fulcral na opinião de Rita Salvado, pois segundo esta “é preciso conhecer o passado para interpretar o presente e projetar um futuro de desenvolvimento”. A responsável pelo Museu de Lanifícios da UBI acredita que a recolha, o estudo e a divulgação das memórias e do conhecimento relativas ao património cultural e industrial são as melhores ferramentas para estimular o dever de proteção do património que cabe a todos os cidadãos. Contudo, também tem consciência de que envolver a comunidade em torno desta causa é um verdadeiro desafio. “É muito importante envolver toda a comunidade na valorização da sua memória e a sociedade na transmissão ao futuro deste património rico e singular, que é um património vivo na cidade da Covilhã e na região da Beira Interior”.

Rita Salvado considera que com o projeto «Comemoração do Centenário da Empresa Transformadora de Lãs, Lda. (1920-2020)» se conseguiu chamar à atenção para o património cultural material que se encontra à guarda da UBI, que o tem salvaguardado e protegido.     

A dirigente do Museu de Lanifícios da UBI mostrou-se muito satisfeita com esta distinção por parte da Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Afirma que que este reconhecimento dado ao MUSLAN “resulta do trabalho efetuado em prol da valorização do património industrial e das memórias associadas a uma antiga fábrica da Covilhã e da ligação do Museu à comunidade onde está inserido”.

Rita Salvado considera que este prémio será importante no futuro para atrair um maior número de seguidores pela preservação do património. “A comunicação online foi disseminada através das redes sociais como canais de comunicação privilegiados, de índole cultural, de fácil utilização e de grande difusão. Poderemos sempre tirar partido das suas virtualidades para envolver um número cada vez maior de cidadãos na defesa e valorização do património cultural”, termina.

O projeto alvo de premiação desenvolvido pelo MUSLAN teve início em julho de 2020 e tinha como propósitos uma dupla celebração: o centenário da Empresa Transformadora de Lãs Lda. e os 20 anos da Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior. 

A distinção foi atribuída pela Associação Portuguesa de Museologia e anunciada durante numa cerimónia realizada no Museu de Marinha, em Lisboa, onde foram apresentados cerca de 32 prémios relativos ao ano de 2020.